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Jereissati pede que CPI responsabilize Bolsonaro por covid: 'mentor'

"Todas as declarações que coincidem, em todos os aspectos, levam ao grande mentor", disse Jereissati - Waldemir Barreto/Agência Senado
"Todas as declarações que coincidem, em todos os aspectos, levam ao grande mentor", disse Jereissati Imagem: Waldemir Barreto/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

07/06/2021 14h26Atualizada em 07/06/2021 15h45

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que é membro da CPI da Covid, acredita que a investigação no Senado levará à responsabilização do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por erros na condução da pandemia de covid-19. O político disse que os indícios analisados até agora apontam Bolsonaro como "grande mentor" e "grande ordenador" das ações do governo federal.

Em entrevista ao jornal O Globo, o senador tucano afirmou que a demora na aquisição de vacinas, a aposta na cloroquina no tratamento da covid-19 e as atitudes que contestam o distanciamento social e o uso de máscaras têm como origem o presidente da República. "O problema leva ao Bolsonaro", resumiu.

A responsabilização, com certeza, vai chegar ao presidente Bolsonaro. Evidentemente. Porque todas as declarações [dadas à CPI] que coincidem, em todos os aspectos, levam ao grande mentor, não como um grande mentor intelectual, mas o grande ordenador. E aconselhado por uma equipe paralela ao governo oficial, que o levou a esse negacionismo e a essa política desastrosa.
Tasso Jereissati (PSDB-CE), senador

Jeireissati lembrou as evidências da existência de um gabinete paralelo de aconselhamento do presidente sobre as ações a serem tomadas na condução da pandemia, que foram reveladas na última sexta-feira (4).

"Todos os indícios levam ao grande chefe disso tudo, o grande chefe dessas falhas todas é sem dúvida nenhuma o Bolsonaro, cercado por maus conselheiros", disse o senador.

Sobre o momento atual, o membro titular da CPI acredita que Bolsonaro "está claramente buscando desestabilizar o país", continuando a descumprir as medidas preventivas de combate à covid. Há pouco mais de duas semanas, o presidente participou de um evento que reuniu milhares de pessoas no Rio de Janeiro.

A postura dele é provocadora. Parece-me que ele já passou do limite de fazer algum tipo de enfrentamento racional às coisas que estão sendo obtidas na CPI e passou a uma provocação não só à CPI, mas ao país inteiro.
Tasso Jereissati (PSDB-CE), senador

Governadores não devem ser ouvidos

Mesmo diante da convocação de nove governadores e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) para serem ouvidos na CPI, Jeireissati não vê tempo hábil para que todos os líderes de governos estaduais sejam ouvidos, com exceção do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que teve o seu depoimento antecipado para esta quinta-feira (10).

"Eu não acho que vá ter tempo para ouvir outros governadores. O caso do Amazonas e de Manaus é muito específico. Aliás, foi em função dos acontecimentos de Manaus, da omissão e dos erros que aconteceram lá, que essa CPI foi instalada", disse o senador.

"Esse é um caso muito específico, tem que ser ouvido. Acho que os outros, no decorrer do tempo, com tantas coisas acontecendo, não serão prioridade", completou Jeiressati.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.