Governo procurou embaixadas sobre acordo com Pfizer só em fevereiro, diz TV
Documentos enviados à CPI da Covid pelo Ministério da Relações Exteriores e obtidos pela TV Globo mostram que apenas em 24 de fevereiro o governo federal decidiu por pedir informações às embaixadas do Brasil no exterior sobre os contratos com a Pfizer e com a Janssen, fabricantes de vacinas contra a covid-19.
Segundo os registros, também divulgados hoje no "Jornal Nacional", o pedido do Itamaraty tinha como objetivo avaliar se as cláusulas impostas pelas farmacêuticas — já definidas por membros do governo como "leoninas" — eram bem aceitas no exterior. Dezoito embaixadas responderam, informando que a maioria dos países aceitou as exigências.
As embaixadas consultadas, ainda segundo a reportagem, foram: Berlim (Alemanha), Berna (Suíça), Camberra (Austrália), Cidade de Singapura (Singapura), Cidade do México (México), Jacarta (Indonésia), Lisboa (Portugal), Londres (Inglaterra), Ottawa (Canadá), Paris (França), Pretória (África do Sul), Riade (Arábia Saudita), Santiago (Chile), São José (Costa Rica), Seul (Coreia do Sul), Tel Aviv (Israel), Tóquio (Japão) e Washington (EUA).
As imposições contratuais das farmacêuticas têm sido usadas pelo governo para justificar a demora em fechar a compra dos imunizantes. Em maio, à CPI da Covid, o CEO da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que a empresa fez três ofertas ao Brasil ainda em agosto do ano passado — todas ignoradas pelo governo federal.
Segundo o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a farmacêutica enviou, ao todo, 81 e-mails ao Planalto desde março de 2020, sinalizando a intenção de fazer acordos para compra de medicamentos e, futuramente, de vacinas.
Em depoimento à CPI, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, informou que o governo brasileiro ignorou três ofertas para aquisição de vacinas em agosto do ano passado. Se um dos acordos tivesse sido fechado, segundo estimativa do depoente, o país teria recebido até o segundo trimestre de 2021 cerca de 18,5 milhões de doses.
O UOL procurou o Itamaraty, mas ainda não obteve um posicionamento da pasta.
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