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Randolfe: Osmar Terra é potencial indiciado e personifica gabinete paralelo

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), durante sessão da CPI da Covid - Marcos Oliveira/Agência Senado
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), durante sessão da CPI da Covid Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Colaboração para o UOL

17/06/2021 15h32

O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse hoje que o ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) é um "potencial indiciado dessa Comissão". Além disso, afirmou que o deputado "personifica" o chamado "gabinete paralelo" da Saúde - grupo que aconselhava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à pandemia do coronavírus.

"Eu não quero antecipar julgamento, mas é inevitável dizer isso: ele será um potencial investigado, ele é um potencial indiciado dessa Comissão. Ele personifica o ministério paralelo. Então, por isso, é necessário confrontá-lo com os fatos", disse, em entrevista à Globo News.

Osmar Terra foi convidado a prestar depoimento à Comissão na próxima terça-feira (22) para prestar esclarecimentos sobre as reuniões. Para Randolfe, a presença do deputado será importante para que os Senadores entendam, também, "qual papel ele desempenhou nessa pandemia e quanto suas posições foram responsáveis pelo agravamento e pelo aumento do número de mortos".

Isso porque o político se posiciona contra medidas de distanciamento social e defende o chamado tratamento precoce - que usa medicamentos ineficazes contra a covid-19. Além disso, o deputado fez uma série de previsões erradas sobre o número de casos e mortes causadas pela doença, assim como sobre a duração e o fim da pandemia no Brasil.

"Ele é tido e visto nas reuniões como uma espécie de ministro paralelo [da Saúde] e principal conselheiro do senhor presidente da República", destacou Randolfe.

Já o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que "não há expectativa" com relação à inclusão de Osmar Terra na investigação, mas ressaltou que o depoimento do deputado é fundamental para a Comissão porque ele "foi entusiasta da tese da imunidade de rebanho".

"Fazia prognósticos dificílimos, entendia que seria uma coisa simples, que menos de 900 pessoas morreriam. Nós estamos em um momento de agravamento, com um número de mortos muito alto. Na próxima segunda-feira vamos passar de 500 mil vidas perdidas. Mais do que nunca precisamos entender o papel da CPI para que possamos dar uma resposta a tudo isso", disse, em entrevista à Globo News.

Relatório final da CPI da Covid

O vice-presidente da CPI da Covid também apontou linhas possíveis para o relatório final. A primeira, segundo Randolfe, seria a existência de um "gabinete paralelo", que atuou "negando a pandemia e que teve responsabilidade direta nos quase meio milhão de mortos".

A segunda opção seria a de que a "omissão negacionista" desse grupo teria orientado o presidente Jair Bolsonaro, levando "ao aumento do número de mortos e também a negação em relação à vacina". A terceira linha seria considerar o papel das fake news no agravamento da pandemia.

"E eu diria uma quarta frente a partir do depoimento do ex-governador Witzel [do Rio de Janeiro]: um esquema de corrupção que foi montado para beneficiar alguns agentes públicos que, no meu entendimento, vamos aprofundar a partir de alguns depoimentos", disse.

Randolfe afirmou já ter "todas as convicções formadas em relação à existência de cumpliciamento de agentes privados com agentes públicos". Por isso, segundo ele, a CPI irá avançar nas investigações com quebras de sigilo.

"É por isso que fizemos quebra de sigilo de algumas farmacêuticas detalhadamente. É por isso que amanhã vamos pedir quebra de sigilo de várias das OSs [Organizações Sociais] prestadoras de serviço ao governo do RJ e que prestaram serviço ao hospital federal de Bonsucesso. É por isso que inclusive amanhã na sessão vamos requisitar contratos que estão no âmbito do ministério da Saúde", disse, e garantiu: "já estou convencido disso: não era só negacionismo, tinha dinheiro na história".

Além disso, o senador comentou a possibilidade de prorrogação da Comissão, cuja previsão de duração é de 90 dias. Para que isso aconteça, é necessário que haja concordância dos demais senadores.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.