PTB expulsa deputada por suposta gravação para Globo; parlamentar nega ato
O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afirmou que a legenda expulsou a deputada federal Luísa Canziani (PR). Segundo Jefferson, ela teria tentado gravar secretamente uma reunião ministerial para exibição em um programa da TV Globo. Em contato com o UOL, a parlamentar negou que tenha cometido o ato.
"Gravar secretamente um Ministro de Estado é uma falta gravíssima. Essa turma que veio do jovairismo não tem limites. Reprovamos a conduta da deputada Luísa Canziani, que está expulsa do PTB", escreveu Jefferson no Twitter.
O presidente do PTB compartilhou um tuíte de abril da deputada, no qual ela critica o partido e o compara a uma "seita", e afirmou que a parlamentar já não seguia as diretrizes da legenda há tempos.
"A deputada Luísa Canziani há muito tempo não segue as diretrizes do partido. Nesse tuíte de abril, ela dizia que o PTB virou uma 'seita'. Nós rompemos com a deputada desde então e não temos nenhuma responsabilidade pelos atos dela. O partido de Luísa Canziani é ela mesma", disse o presidente do PTB.
Em nota enviada ao UOL, Luísa Canziani negou a acusação feita por Jefferson. "Não gravei e nem gravaria reunião alguma sem qualquer tipo de permissão! Quem me acompanha sabe que tenho uma trajetória de muito RESPEITO aos meus colegas. Sou do diálogo e as minhas coisas são feitas sempre às claras", afirmou.
A deputada alegou que está sendo acompanhada pelo programa Profissão Repórter, da Globo, para a realização de uma matéria sobre a discussão do homeschooling e que comunicou o fato ao secretário-executivo do MEC (Ministério da Educação).
"Por isso, o microfone tem ficado comigo ao longo dos dias. O Secretário Executivo do MEC foi avisado previamente (e ele testemunhou isso na reunião, explicando que eu não estava gravando, em minha defesa)", disse.
Não sei a quem interessa essa cortina de fumaça, mas peço que respeitem a minha história. Sou Deputada Federal, não menina de recados. E eu lamento profundamente ser acusada de maneira tão injusta. Mas sigo com a minha consciência absolutamente tranquila e trabalhando da melhor forma pela democracia brasileira
Luísa Canziani
A deputada informou ainda que não foi comunicada pelo partido sobre a expulsão e mencionou que foi o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) quem gravou a reunião ao postar em suas redes sociais um vídeo no qual questiona Luisa sobre a situação.
"As gravações da reunião ministerial divulgadas há pouco pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, em suas redes sociais, só confirmam o que eu havia dito anteriormente: não gravei e nem gravaria reunião alguma sem permissão", disse a deputada.
No vídeo compartilhado em seu perfil no Instagram, Eduardo Bolsonaro pergunta se Luísa estaria gravando a reunião ou transmitindo o encontro. Em seguida, ele critica a TV Globo e disse que a emissora não merece confiança.
Em nota enviada ao UOL, a rede Globo afirmou que "o homeschooling é um tema de interesse da sociedade. Portanto, é e deve ser tema abordado pelo jornalismo. E nenhuma discussão sobre o tema deve ser secreta."
Eduardo Bolsonaro diz que presenciou suposta gravação
Em entrevista ao canal do YouTube "Terça Livre", o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse que a suposta tentativa de gravação ocorreu em uma reunião com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que tinha como pauta um projeto de lei sobre o "homeschooling" —no Twitter, Roberto Jefferson disse que a reunião era com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Bolsonaro disse que estava presente na reunião e foi alertado de que a deputada, apontada para ser a relatora do projeto, portava um equipamento de gravação —um microfone e um aparelho transmissor— "escondido".
"Eu mesmo verifiquei com meus olhos que ela estava, e aparecia numa parte da calça dela o transmissor, interpelei ela publicamente, já que à mesa estava 12 deputados federais mais o ministro da Educação, e perguntei se ela estava portando algum equipamento de transmissão, de maneira muito educada ainda", afirmou o deputado.
Segundo Bolsonaro, a deputada respondeu que estava participando de uma gravação para o programa "Profissão Repórter", que a estaria acompanhando há duas semanas.
"Imediatamente recomendei ao ministro da Educação que encerrasse aquela reunião e que era inadmissível aquele tipo de postura, um absurdo. Não pode uma pessoa, a essa altura do campeonato, querer que eu confie na Globo. Um deputado não pode entrar numa reunião com ministro ou com outros deputados portando um rádio transmissor", declarou.
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