500 mil mortes por covid-19: governo e oposição repercutem triste marca
A marca de 500 mil de mortos pela covid-19 atingida no Brasil na tarde de hoje repercutiu no meio político. Por meio das redes sociais, integrantes do governo e da oposição trocaram farpas e repercutiram o número de mortes.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, escreveu no Twitter que trabalha "incansavelmente para vacinar todos os brasileiros no menor tempo possível e mudar esse cenário que nos assola há mais de um ano". Queiroga, entretanto, não se comprometeu com prazos para concluir a imunização.
Em outra postagem, na sequência, o ministro escreveu: "Presto minha solidariedade a cada pai, mãe, amigos e parentes que perderam seus entes queridos".
Em outra manifestação do governo, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, atacou quem "lamenta" os mortos, em vez de "comemorar os curados". Faria não fez nenhuma manifestação de solidariedade às famílias. "Em breve vocês verão políticos, artistas e jornalistas 'lamentando' o número de 500 mil mortos. Nunca os verão comemorar os 86 milhões de doses aplicadas ou os 18 milhões de curados", escreveu.
Até a publicação deste texto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não havia feito nenhuma postagem em redes sociais em referência aos 500 mil mortos no país. Bolsonaro, entretanto, publicou um vídeo em referência às buscas por Lázaro Barbosa de Sousa, acusado de assassinar brutalmente uma família no DF.
Para o presidente, "brevemente o Lázaro estará, no mínimo, atrás das grades". Bolsonaro desejou "boa sorte" aos policiais. As buscas pelo homem entraram hoje no 11º dia.
Em crítica ao governo, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, escreveu que Bolsonaro "idealizou a sua mais ousada e infame rachadinha: dividir o país entre cloroquina e vacina". Segundo ele, a estratégia, que chamou de "rachadinha do negacionismo", "gerou resultado: meio milhão de mortos. Até agora".
Senadores de oposição ao governo integrantes da CPI da Covid divulgaram uma nota em que falam em "data dolorosamente trágica" e transmitiram "nossos mais profundos sentimentos ao país" pelos "500 mil sonhos interrompidos, 500 mil vidas ceifadas precocemente, 500 mil planos, desejos e projetos".
Assinada por Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente, Calheiros, Tasso Jereissati (PSDB-CE), Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), a nota afirma que as vidas "poderiam ter sido poupadas com bom senso, escolhas acertadas e respeito à ciência".
Finalmente, os senadores prometem que os responsáveis "pagarão por seus erros, omissões, desprezos e deboches". "Não chegamos a esse quadro devastador, desumano, por acaso. Há culpados e eles, no que depender da CPI, serão punidos exemplarmente", escrevem. "Os crimes contra a humanidade, os morticínios e os genocídios não se apagam, nem prescrevem".
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados, também fez críticas ao governo, lembrando que 100 mil mortes ocorreram nos últimos 50 dias, levando à marca registrada hoje, "um número que poderia ser bem menor se o presidente Bolsonaro tivesse defendido a vacina e não o obscurantismo desde o início".
"Hoje sabemos que a vacinação evitou a morte de 43 mil idosos", escreveu Maia em outra postagem, na sequência. "Quantas vidas já teriam sido salvas se tivéssemos um governo sério e comprometido em acabar com a pandemia?", questionou. Ele também prestou solidariedade "a todas as famílias brasileiras despedaçadas pela perda de seus entes queridos".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou em genocídio: "500 mil mortos por uma doença que já tem vacina, em um país que já foi referência mundial em vacinação. Isso tem nome e é genocídio. Minha solidariedade ao povo brasileiro".
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