Na CPI, Terra nega 'gabinete paralelo' e diz não ter poder sobre Bolsonaro
O deputado federal e médico Osmar Terra (MDB-RS) negou, em depoimento à CPI da Covid, a existência de um suposto "gabinete paralelo" para aconselhar o presidente Jair Bolsonaro sobre o enfrentamento à pandemia. Disse ainda que "de vez em quando" o presidente "lhe pergunta alguma coisa".
Questionado pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), se aconselhava Bolsonaro sobre o que falar em público, Terra disse que o Presidente da República fala o que pensa e que não tem poder sobre suas declarações.
O presidente fala o que ele quer falar, ele fala o que ele entende. Eu não tenho poder sobre o presidente: 'o senhor vai falar isso ou aquilo', isso não existe. Se eu tivesse esse poder, eu seria o presidente e ele, deputado. Não tem cabimento uma coisa dessas, querer imputar um poder sobrenatural às pessoas
Osmar Terra, em depoimento à CPI da Covid
O deputado afirmou que Bolsonaro, por não ser médico, ouve a opinião de pessoas da área da saúde para formar um juízo, mas isso não comprova a existência de um gabinete paralelo.
"O presidente da República não pode fazer isso? Ele pode! Isso não significa que tem gabinete paralelo, que tem estruturas paralelas, isso é uma falácia", declarou.
O deputado tem opiniões semelhantes às do presidente Bolsonaro, entre elas o isolamento vertical, que seria uma quarentena apenas para pessoas do grupo de risco —como idosos e comorbidades—, enquanto o restante da população seguiria com suas atividades normais.
Sobre o tema, Terra disse que ouviu o termo pela primeira vez por parte de Bolsonaro e que eles têm uma visão coincidente em "muitos pontos", mas que o presidente forma as próprias opiniões.
"A primeira vez que ouvi a palavra 'quarentena vertical' foi do presidente, eu nunca falei isso, nunca vi isso, ele cunhou esse termo, é da cabeça dele. Ele tem uma visão, que nós coincidimos em alguns pontos —muitos pontos, aliás— que quarentena e lockdown não funcionam, que destruía a economia do país para salvar vidas, e não salvou", afirmou.
Estudos publicados em revistas científicas de prestígio atestam que medidas de distanciamento e isolamento social funcionam para conter o vírus, entre elas o lockdown, que é a medida mais restritiva de isolamento.
Terra ainda disse que tem uma relação de amizade com o presidente, assim como outros deputados, e que tem simpatia por ele. "Quando, de vez em quando, o presidente me pergunta alguma coisa ou eu acho que tenho que falar alguma coisa, eu falo", completou.
Terra também afirmou à CPI que a tese de imunização de rebanho seria consequência natural de qualquer pandemia e, sem base em dados ou provas, disse que que as medidas de restrição, como o isolamento social e o lockdown, não salvaram sequer uma vida durante a crise sanitária provocada pela covid-19. Evidências científicas mostram justamente a importância deste tipo de medida para conter a disseminação do coronavírus.
O parlamentar buscou ainda minimizar erros cometidos por ele ao tentar prever, no ano passado, o número de mortes decorrentes do coronavírus.
Em uma de suas apostas, Terra disse que o país teria cerca de 2.000 óbitos. No último sábado (19), o Brasil ultrapassou a marca de 500 mil vidas perdidas.
*Colaboraram Bernardo Barbosa , Fábio Castanho e Juliana Arreguy, do UOL em São Paulo, e Beatriz Montesanti, colaboração para o UOL em São Paulo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.