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Deputado disse 12 vezes não 'se lembrar' de nome citado por Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

25/06/2021 23h08

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse pelo menos doze vezes não "se lembrar" do nome citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), antes de finalmente mencionar o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, envolvido em supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

"Os senhores também sabem que é o Ricardo Barros que o presidente falou. Foi o Ricardo Barros. Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar", disse ele, durante o seu depoimento.

"Apontar um presidente da República que todo mundo defende como uma pessoa correta, honesta, que sabe que tem algo errado, sabe o nome, que sabe quem é e não faz nada por medo da pressão que pode levar do outro lado? Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem está fazendo o errado? De quem desvia dinheiro público de gente morrendo por causa dessa p* de covid", acrescentou.

Enrolado com a Justiça

O MPF (Ministério Público Federal) ajuizou uma ação civil pública contra o deputado federal Ricardo Barros Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde no governo Temer, além de outros quatro servidores públicos pela compra de R$ 20 milhões em medicamentos da Global Gestão de Saúde usados em doenças raras na rede pública, conforme reportagem da BBC News Brasil.

Parte dos remédios foi entregue com atraso, e a Global foi contratada sem licitação. Quatorze pacientes que aguardavam os medicamentos morreram.

Segundo o jornal O Globo, o MPF move uma ação contra a empresa e cobra R$ 119 milhões da Global na Justiça por danos coletivos.

Além disso, uma MP (medida provisória) do parlamentar e líder do governo Bolsonaro na Câmara ajudou diretamente na importação da vacina Covaxin.

A MP de Barros permite que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) conceda "autorização para a importação e distribuição de quaisquer vacinas", insumos ou medicamentos sem registro na Anvisa desde que aprovadas pela autoridade sanitária em outros países. A MP acrescenta ainda o órgão sanitário indiano na lista de entidades habilitadas a dar essa autorização.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.