Topo

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro diz que 'homem de bem' ter fuzil desestimula a invasão de terras

O presidente Bolsonaro falou sobre porte de armas durante conversa com apoiadores - EVARISTO SA / AFP
O presidente Bolsonaro falou sobre porte de armas durante conversa com apoiadores Imagem: EVARISTO SA / AFP

Do UOL, em São Paulo*

02/07/2021 12h27Atualizada em 02/07/2021 13h14

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, em conversa com apoiadores, que se bandidos têm fuzil, o "homem de bem" também pode ter e que o uso da arma desestimularia a invasão de terras. Para o presidente, ter arma "é a garantia da tua liberdade".

"A arma é a garantia da tua liberdade, todas as ditaduras foram precedidas de campanha de desarmamento. (...) Estendemos a posse de arma, que era para dentro de casa, para toda a periferia. E mais, por decreto, tem gente comprando fuzil, e tem que ter fuzil porque o bandido tem, porque homem de bem não pode ter? Então, isso desestimula a invasão [de terras]. Agora, eu sou massacrado aí", declarou.

Bolsonaro citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o chamando de "nove dedos", durante sua fala e disse que o petista irá desarmar a população. Uma pesquisa divulgada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) no último dia 25 de junho, mostrou que, caso as eleições presidenciais fossem realizadas hoje, Lula teria 49% dos votos totais, enquanto Bolsonaro alcançaria 23%.

"O próprio nove dedos se chegar no governo, ele vai tomar a arma do povo. Agora, ele só chega [à presidência] na fraude."

O pacote de decretos que flexibiliza as regras de posse e porte de armas no Brasil, assinado pelo presidente no início deste ano, já foi alvo de críticas de parlamentares e entidades. Lula foi um dos políticos que criticaram a política armamentista de Bolsonaro. "O povo não quer comprar revólver nem cartucho de carabina. O povo quer comprar comida", afirmou o petista à época.

Demarcação de terra

O atual mandatário ainda declarou aos apoiadores que o seu governo não autorizou nenhuma demarcação de terra e isso não é "maldade", já que, segundo ele, os indígenas possuem 14% de terra demarcada e essa medida "inviabiliza e isola" o uso de áreas produtivas.

"Nós ajudamos muito o campo, você não vê uma demarcação de terra comigo. Não é maldade não, nossos irmãozinhos já têm 14% de terra demarcada para eles, e são demarcadas de acordo com a localização, mas inviabilizam e isolam outras áreas produtivas. Você não pode passar nada por aí."

No último mês, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou o PL (Projeto de Lei) 490 que prevê, entre outras medidas, a restrição da demarcação de terras e o uso das regiões indígenas por atividades comerciais. Indígenas de diferentes etnias protestaram contra o PL em Brasília.

Bolsonaro explicou que o governo também parou de destinar recursos para ONGs (organizações não-governamentais) e estatais que estariam destinando dinheiro para os "terroristas" do MST (Movimento Sem Terra).

"Nós também tiramos dinheiro de ONGs e de estatais que iam para MST, então, esses terroristas, a ação deles está bastante reduzida, embora eles devem voltar a carga por causa das eleições."

*Com informações do Estadão Conteúdo e Reuters

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.