Bolsonaro diz que 'homem de bem' ter fuzil desestimula a invasão de terras
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, em conversa com apoiadores, que se bandidos têm fuzil, o "homem de bem" também pode ter e que o uso da arma desestimularia a invasão de terras. Para o presidente, ter arma "é a garantia da tua liberdade".
"A arma é a garantia da tua liberdade, todas as ditaduras foram precedidas de campanha de desarmamento. (...) Estendemos a posse de arma, que era para dentro de casa, para toda a periferia. E mais, por decreto, tem gente comprando fuzil, e tem que ter fuzil porque o bandido tem, porque homem de bem não pode ter? Então, isso desestimula a invasão [de terras]. Agora, eu sou massacrado aí", declarou.
Bolsonaro citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o chamando de "nove dedos", durante sua fala e disse que o petista irá desarmar a população. Uma pesquisa divulgada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) no último dia 25 de junho, mostrou que, caso as eleições presidenciais fossem realizadas hoje, Lula teria 49% dos votos totais, enquanto Bolsonaro alcançaria 23%.
"O próprio nove dedos se chegar no governo, ele vai tomar a arma do povo. Agora, ele só chega [à presidência] na fraude."
O pacote de decretos que flexibiliza as regras de posse e porte de armas no Brasil, assinado pelo presidente no início deste ano, já foi alvo de críticas de parlamentares e entidades. Lula foi um dos políticos que criticaram a política armamentista de Bolsonaro. "O povo não quer comprar revólver nem cartucho de carabina. O povo quer comprar comida", afirmou o petista à época.
Demarcação de terra
O atual mandatário ainda declarou aos apoiadores que o seu governo não autorizou nenhuma demarcação de terra e isso não é "maldade", já que, segundo ele, os indígenas possuem 14% de terra demarcada e essa medida "inviabiliza e isola" o uso de áreas produtivas.
"Nós ajudamos muito o campo, você não vê uma demarcação de terra comigo. Não é maldade não, nossos irmãozinhos já têm 14% de terra demarcada para eles, e são demarcadas de acordo com a localização, mas inviabilizam e isolam outras áreas produtivas. Você não pode passar nada por aí."
No último mês, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou o PL (Projeto de Lei) 490 que prevê, entre outras medidas, a restrição da demarcação de terras e o uso das regiões indígenas por atividades comerciais. Indígenas de diferentes etnias protestaram contra o PL em Brasília.
Bolsonaro explicou que o governo também parou de destinar recursos para ONGs (organizações não-governamentais) e estatais que estariam destinando dinheiro para os "terroristas" do MST (Movimento Sem Terra).
"Nós também tiramos dinheiro de ONGs e de estatais que iam para MST, então, esses terroristas, a ação deles está bastante reduzida, embora eles devem voltar a carga por causa das eleições."
*Com informações do Estadão Conteúdo e Reuters
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