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Dominghetti quis vender vacinas após suposto pedido de propina, diz rádio

Dominghetti afirmou em depoimento na CPI da Covid que a negociação com o Ministério da Saúde foi encerrada depois do suposto pedido de propina - Adriano Machado/Reuters
Dominghetti afirmou em depoimento na CPI da Covid que a negociação com o Ministério da Saúde foi encerrada depois do suposto pedido de propina Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

10/07/2021 00h22

Áudios obtidos pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid e revelados hoje pela rádio CBN mostram que Luiz Paulo Dominghetti, policial militar que se apresenta como representante da Davati Medical Supply, continuou negociando com o Ministério da Saúde mesmo depois do suposto pedido de propina feito por Roberto Dias, então diretor de logística da pasta.

Em depoimento à CPI da Covid, Dominghetti havia afirmado que a negociação das 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca não foi para frente justamente por causa do suposto pedido de propina.

Segundo a reportagem da CBN, Dominghetti na verdade saiu animado do encontro com os representantes do Ministério da Saúde e enviou um áudio para Rafael Alves, que também se apresenta como representante da Davati, dizendo que a compra estava acertada.

Na mensagem, o PM diz: "Ninguém está tão dentro do Ministério como a gente. Ninguém chegou onde a gente chegou. A compra pelo Ministério já aconteceu". Dominghetti chegou a propor para Alves aumentar a oferta para 600 milhões de doses de vacinas, mas Alves afirmou que não seria possível enviar um pedido superior à população do país.

O policial também trocou mensagens com o coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do departamento de Logística do Ministério da Saúde, depois da reunião em que houve o suposto pedido de propina, e pediu ajuda para consolidar o negócio. "preciso que o Dias ligue para o presidente da Davati, porque nós vamos 'tomar bomba'. Estamos tão perto... e vamos 'tomar bomba'".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.