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Randolfe reage a Bolsonaro: 'Não pode me chamar de miliciano e corrupto'

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) rebateu Jair Bolsonaro (sem partido) - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) rebateu Jair Bolsonaro (sem partido) Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

15/07/2021 20h45

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, rebateu as ofensas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, em postagem nas redes sociais, chamou o parlamentar de "otário" e se referiu a ele como "Saltitante".

Por meio de seu perfil no Twitter, Randolfe disse não se incomodar com os termos homofóbicos utilizados por Bolsonaro para se referir a ele, e afirmou que o presidente só não pode chamá-lo de corrupto e miliciano.

"Sr. Presidente... não! Pres... Não. Bolsonaro... Estimo melhoras! A CPI está avançando e nada vai atrapalhar as investigações! Entendo o nervosismo, especialmente com as denúncias de prevaricação e corrupção que se acumulam. Seus ataques só nos estimulam ainda mais. Não vão nos intimidar", iniciou o senador.

"E saiba que não me incomodo com os termos que você utiliza para se referir a mim 'saltitante, fala fina'... O Sr. só não pode me chamar de corrupto, miliciano, superfaturador de vacina e líder internacional da fraude, né?", completou.

Em uma publicação no Twitter na tarde de hoje, Jair Bolsonaro disse que o que "frustra o G-7", grupo de senadores da CPI da Covid considerados oposicionistas ao governo, é o fato de "não encontrar um só indício de corrupção em meu governo".

Ainda, o presidente rechaçou as denúncias de corrupção por membros do governo federal na compra da vacina indiana covaxin, e alegou que "no caso atual querem nos acusar de corrupção onde nada foi comprado, ou um só real foi pago". Por fim, ele classificou a Comissão Parlamentar de Inquérito como um "circo", e disse que os senadores Omar Aziz (DEM-AM), presidente da CPI, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues "estão mais para três otários que três patetas".

Denúncias de corrupção no governo

A CPI da Covid no Senado ouviu hoje o empresário Cristiano Carvalho, que se apresenta como representante da empresa americana Davati Medical Suply que, em depoimento à Comissão, declarou não ter presenciado suposto pedido de propina em favor de um ex-servidor do Ministério da Saúde durante negociações para compra de vacinas. No entanto, ele afirmou que foi avisado da suposta solicitação ilícita de US$ 1 por dose de imunizante de Oxford/AstraZeneca.

O representante da Davati afirmou ainda que a suposta propina seria destinada ao "grupo" ligado ao coronel Marcelo Blanco, ex-funcionário do Ministério da Saúde e que, segundo o vendedor informal da Davati Luiz Paulo Dominghetti, teria sido o responsável por criar um elo inicial entre a empresa e o governo federal.

"A informação que veio a mim, vale ressaltar isso, não foi o nome propina. Ele [Dominghetti] usou comissionamento. Ele se referiu a esse comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Blanco e da pessoa que o tinha apresentado ao Blanco, que é de nome Odilon", disse.

O nome "Blanco" se refere ao coronel Marcelo Blanco. Já "Odilon" seria Guilherme Filho Odilon, um interlocutor entre Dominghetti e o coronel Blanco. Entretanto, servidores públicos não podem receber comissionamento ou propina em troca de negócios.

Além disso, a CPI também investiga um outro esquema de corrupção envolvendo a gestão Bolsonaro durante a pandemia de covid-19, que envolve um suposto esquema fraudulento na compra da vacina indiana Covaxin.

O caso veio à tona após denúncia feita pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), então aliado de Bolsonaro, e o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, irmão do parlamentar. O Planalto nega as acusações, que envolvem diretamente o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.