Sessão da PEC do voto impresso acaba em confusão e sem resolução
Após mais de uma hora de debate, a Comissão da Câmara que deveria julgar hoje a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso teve a sessão encerrada sem chegar a uma resolução. Segundo a autora da PEC, Bia Kicis (PSL), a questão será votada novamente no dia 5 de agosto, depois do recesso.
O encontro foi marcado por confusão e uma longa interrupção do deputado federal Filipe Barros (PSL), que é relator da PEC e afirmou querer fazer mudanças no texto a ser votado. O político recebeu acusações de estar atrasando de propósito, extrapolou o tempo e continuou discursando apesar dos protestos dos colegas.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) se manifestou várias vezes contra a interrupção de Barros e cobrou um posicionamento do presidente da Comissão, Paulo Eduardo Martins (PSC).
"O senhor está manobrando para que não haja votação", acusou Fernanda enquanto Barros falava. "Aqui não é suas redes sociais", continuou e pediu mais uma vez por ordem. O presidente Martins não respondeu às queixas da deputada e de outros participantes, mas disse que daria mais tempo a Barros para revisar o texto da PEC.
Durante a sessão, Martins reclamou de supostas tentativas de invasão à chamada e alegou estar sofrendo com falhas tecnológicas.
Abruptamente, ele desligou a ligação de vídeo e encerrou o encontro. No momento em que saiu, a maioria dos votos era contra a pauta da PEC.
"A extrema-direita fez uma molecagem sem tamanho. De forma ilegal, o presidente da comissão encerrou a sessão e desligou os sons. Medo da derrota iminente!", falou a deputada no Twitter logo depois do ocorrido.
Na mesma rede social, o deputado federal Alessandro Molon (PSB) chamou a situação de manobra. "Assim é o governo: disposto a tudo para não reconhecer a derrota e manter a mentirosa narrativa de fraude de Bolsonaro".
Filipe Barros respondeu à confusão no Twitter. "Se ao voto do relator forem sugeridas alterações, com as quais ele concorde, ser-lhe-á concedido prazo até a reunião seguinte para redação do novo texto", citou. "Sessão do voto impresso adiada. É um direito do relator", escreveu.
"Ainda hoje, postarei o vídeo da entrevista que fizemos com o hacker que está preso acusado de invadir os sistemas do TSE nas eleições municipais do ano passado, ocasionando o atraso na totalização e divulgação do resultado", afirmou.
Bandeira de Bolsonaro
O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) adotou o retorno do voto impresso como uma bandeira e praticamente uma necessidade para as eleições de 2022. Segundo o mandatário, o atual sistema eleitoral não é confiável e "ou fazemos eleições limpas ou não temos eleições".
Grande parte da oposição já se posicionou publicamente contra a ideia e a falta de provas por trás da bandeira do presidente. No entanto, Bolsonaro e alguns aliados continuam insistindo no projeto sob a alegação de que não é viável ter eleições no próximo ano sem o voto impresso.
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