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Covaxin: CGU identifica documento adulterado na negociação e busca autoria

A negociação de compra da Covaxin se tornou destaque após as investigações estabelecidas pela CPI da Covid, no Sanado - Pavlo Gonchar/SOPA Images /LightRocket via Getty Images
A negociação de compra da Covaxin se tornou destaque após as investigações estabelecidas pela CPI da Covid, no Sanado Imagem: Pavlo Gonchar/SOPA Images /LightRocket via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

29/07/2021 13h17Atualizada em 29/07/2021 16h11

A CGU (Controladoria-Geral da União) confirmou que houve dois documentos adulterados na negociação da vacina Covaxin com o Ministério da Saúde. Agora, o órgão trabalha para identificar a autoria das modificações. Os documentos foram apresentados pela Precisa Medicamentos em tratativas para a venda de vacinas contra a covid-19 ao Brasil.

A Precisa fez a interlocução entre a indiana Bharat, fabricante da Covaxin, e o Ministério da Saúde. Após os indícios de que a atravessadora estaria negociando fora dos termos estabelecidos pela farmacêutica, a Bharat anunciou publicamente o fim do acordo com a Precisa.

Segundo o ministro Wagner Rosário, as perícias conseguiram provar que os documentos apresentados pela Precisa Medicamentos, supostamente autorizados pela farmacêutica Bharat BioTech, foram elaborados a partir de uma colagem que utilizavam os timbres oficiais da empresa — escritos em inglês no cabeçalho, rodapé e assinatura —, contrastando com o texto do documento em português.

Na nossa análise, achamos estranho um fato: praticamente todos os documentos apresentados pela Bharat no processo estavam em inglês. E esse documento possuía em seu corpo, rodapé, assinatura, cabeçalho e cumprimentos do diretor-executivo, em inglês, e o texto em português, que não se assemelhavam muito aos outros documentos emitidos pela Bharat
Wagner Rosário

As informações foram repassadas por Rosário em uma entrevista à imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília, ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Perícia

Ainda de acordo com o chefe da CGU, após as suspeitas, peritos realizaram um trabalho de retirada de iluminação dos documentos, para comprovar se havia marcas de adulteração.

Ao retirar a luminosidade dos documentos, a Corregedoria identificou que as marcas apareciam em cima do cabeçalho, da assinatura e do rodapé, mas não apareciam em cima do texto do documento, que estava em português.

O que nos levava a crer que texto em português foi colado no documento e apresentado digitalizado [pela Precisa Medicamentos], como forma de comprovação dos poderes de representação da Bharat [no Brasil]. Essa dúvida poderia não ser uma irregularidade caso Bharat reconhecesse a autorização
Wagner Rosário

Em 22 de julho a farmacêutica indiana respondeu uma circular enviada pela CGU questionando se a Precisa tinha autorização para fazer as mudanças no documento, identificadas pela Corregedoria. No texto, a Bharat disse que não foi a responsável pela emissão do documento como também não havia autorizado esse documento.

Temos que saber quem fez a colagem, estamos encaminhando para perícia. Agora, vão aprofundar isso e a partir dai vamos ver quem confeccionou o documento em que Bharat assume que não autorizou e não emitiu. Quando isso acontecer, dentro dos papeis da CGU temos a responsabilização da empresa, pela lei anticorrupção, pode gerar sanções de idoneidade e multar
Wagner Rosário

'Contratação foi regular', diz Precisa

Em nota, a Precisa Medicamentos disse que a auditoria da CGU conclui o que a empresa vem afirmando à CPI, que "a contratação foi regular, atendeu ao interesse público, sem sobrepreço e sem qualquer irregularidade nas invoices, sempre atendendo aos pedidos do Ministério da Saúde com agilidade e integridade".

A companhia disse ainda que não é autora dos documentos confeccionados. "Uma perícia técnica já apontou que a autora daqueles documentos é a empresa Envixia, parceira do laboratório Bhrarat Biotech e não a Precisa Medicamentos, que apenas recebeu o referido documento", diz o comunicado.

Segundo a empresa, o laudo já foi entregue à CPI, mas que tem interesse em uma perícia oficial para sanar mais questionamentos. "A Precisa Medicamentos destaca seu manifesto interesse em uma perícia oficial da Polícia Federal, para que não reste dúvidas da lisura de toda a contratação e postura da empresa ao longo do processo, bem como para que se encerre esse injusto linchamento moral a que vem sendo submetida".