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'Ninguém te proibiu de nada', diz Mandetta a Bolsonaro após críticas ao STF

Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva sobre coronavírus em 2020 - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva sobre coronavírus em 2020 Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

29/07/2021 13h53Atualizada em 29/07/2021 14h29

O médico, ex-ministro da Saúde e presidenciável Luiz Henrique Mandetta (DEM) criticou, mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) depois que o atual mandatário disse a apoiadores que se ele estivesse "coordenando a pandemia, não teria morrido tanta gente".

Bolsonaro tem se referido à decisão do STF, em que estados e municípios foram permitidos a ter autonomia para determinar as próprias medidas em relação à covid-19, como impedimento para agir na pandemia.

Ex-ministro do governo atual e possível candidato de uma "terceira via" nas eleições de 2022, Mandetta declarou que o discurso do presidente contra o Supremo não é verdade, e que ele quase "desenhou" o que Bolsonaro precisava fazer para combater a pandemia no território nacional. Até ontem, 553.272 mil brasileiros morreram em decorrência da covid-19.

"Bolsonaro teve TODOS OS PODERES para coordenar a pandemia. Eu mesmo praticamente desenhei o que ele tinha que fazer. Não fez, deu maus exemplos e adiou o quanto pode a compra de vacinas, porque tinha motivações obscuras. Não minta, presidente. Ninguém te proibiu de nada", escreveu o ex-ministro, no Twitter.

Críticas de Bolsonaro e versão do STF

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu hoje o STF e disse, em conversa com apoiadores, que responderá por meio de uma nota oficial à Corte. Ontem, o Supremo reafirmou que não proibiu o governo federal de agir na pandemia.

Bolsonaro alega que o STF tirou poderes dele com uma decisão de abril de 2020, mas, na verdade, a Corte estabeleceu que o Executivo federal, estadual e municipal deveriam atuar em conjunto nas ações para conter a transmissão do coronavírus.

"Vou rebater logo mais a nota do STF dizendo que não tirou poderes meus. Isso é fake news. Uma decisão o STF decidiu que as medidas impostas por governadores não poderiam ser modificadas por mim, então o Supremo na verdade cometeu crime ao dizer que prefeitos e governadores poderiam suprimir direito do art. 5º da Constituição, como o de ir e vir", disse Bolsonaro.

Na nota de ontem, o STF reafirmou no Twitter sua posição sobre o assunto. "O STF não proibiu o governo federal de agir na pandemia! Uma mentira contada mil vezes não vira verdade!", diz o post, acompanhado de um vídeo curto (assista abaixo).

A falta de coordenação pelo governo federal para frear a disseminação da covid-19 no Brasil e o incentivo do presidente ao uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada para a doença estão entre as principais vertentes de investigação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid do Senado.

A demora para a vacinação adquirir ritmo no Brasil e a aposta em tratamentos ineficazes estão entre as causas apontadas para o país ter mais de 550 mil mortos pela doença, dizem especialistas em saúde.

Bolsonaro e seu entorno costumam dizer que a decisão do STF sobre a competência dos estados para decidir medidas de contenção do vírus teria limitado a atuação do governo federal. O entendimento do STF, no entanto, é de que todos — União, estados e municípios — são responsáveis por esse enfrentamento.