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Reverendo admite que organização Senah não é reconhecida pela CNBB

03.ago.21 - Reverendo Amilton Gomes de Paula em depoimento à CPI da Covid - Leopoldo Silva/Leopoldo Silva/Agência Senado
03.ago.21 - Reverendo Amilton Gomes de Paula em depoimento à CPI da Covid Imagem: Leopoldo Silva/Leopoldo Silva/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

03/08/2021 16h57Atualizada em 03/08/2021 17h24

O reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), confirmou hoje, na CPI da Covid, que a entidade não é reconhecida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Em cartas timbradas da Senah e assinadas por Gomes de Paula, são usados logotipos da CNBB e da ONU (Organização das Nações Unidas), entre outras instituições.

O religioso é suspeito de intermediar uma venda supostamente superfaturada da AstraZeneca ao Ministério da Saúde, sem a autorização da farmacêutica.

"Tem um documento aqui que o senhor diz: 'Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, uma organização sem fins lucrativos e de apoio humanitário com atuação em mais de 190 países, reconhecida pela Organização das Nações Unidas e pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil'", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Gomes de Paula afirmou que é dele a assinatura nas cartas timbradas da Senah, que têm o logotipo da CNBB. Após ser novamente questionado por Randolfe, ele diz que a entidade tem credencial da ONU.

A Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, que até o ano passado se chamava Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos, foi fundada por Amilton em 1999. No estatuto, a Senah surge com a missão de dar apoio jurídico "para pessoas e comunidades em situações de guerras, calamidades, e aos refugiados, em ajudas humanitárias nacionais e internacionais".

O líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), afirmou que estar "evidente o intuito da organização do depoente de iludir os recipientes dessas cartas, desses documentos, pegando emprestadas essas autoridades e essas organizações".

Na avaliação dele, há falsidade ideológica e estelionato na situação. "Nós estamos diante de falsários e estelionatários que tentam enganar incautos na administração pública e/ou beneficiar espertos e oportunistas", declarou Prates.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.