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Reverendo nega conhecimento de oferta da Davati a US$ 1 a menos por dose

03.ago.21 - Reverendo Amilton Gomes de Paula em depoimento à CPI da Covid - Jefferson Rudy/Agência Senado
03.ago.21 - Reverendo Amilton Gomes de Paula em depoimento à CPI da Covid Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

03/08/2021 15h05Atualizada em 03/08/2021 16h58

O reverendo Amilton Gomes de Paula negou hoje, durante o depoimento à CPI da Covid, ter conhecimento de oferta da Davati Medical Supply para que o Ministério da Saúde pagasse US$ 1 a menos por dose da vacina AstraZeneca.

O religioso é suspeito de intermediar uma venda supostamente superfaturada da vacina com o Ministério da Saúde, sem a autorização da farmacêutica.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, apresentou documentos que mostram uma comunicação do dono da Davati, Herman Cardenas, ofertando doses da AstraZeneca por US$ 10. Ao Ministério da Saúde, entretanto, foi apresentada uma oferta de US$ 11 pelo reverendo Gomes de Paula da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários).

Na CPI, o religioso afirmou "desconhecer o documento de US$ 10, que não acompanha a oferta [feita ao Ministério da Saúde]". Segundo ele, o documento que oferta vacinas a US$ 10 não tem ligação com o email que cita o preço de US$ 11 por unidade.

Para Randolfe, não é coincidência que os valores coincidem com o depoimento do Policial Militar Paulo Dominghetti, vendedor da Davati. Na CPI da Covid, Dominghetti afirmou ter recebido pedido de propina de US$ 1 pelo ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, exonerado após a denúncia revelada pela Folha de S.Paulo.

Também foi Dominghetti quem disse à CPI que Gomes de Paula o ajudou a conseguir marcar reuniões no Ministério da Saúde para apresentar a proposta de 400 milhões de doses da AstraZeneca em fevereiro deste ano.

Na CPI, o reverendo Gomes de Paula confirmou que as negociações do Ministério da Saúde com a Davati não se encerraram em 12 de março após uma reunião entre membros da pasta e representantes da empresa norte-americana. No dia 24 de março, segundo documento obtido por Randolfe Rodrigues, o religioso enviou carta ao dono da Davati falando sobre procedimentos e tratativas para a venda das vacinas AstraZeneca.

Pouco depois, o reverendo foi às lágrimas e se disse culpado por "ter estado nessa alteração das vacinas". "Esse erro que eu cometi foi um erro que, se eu pudesse voltar atrás, eu voltaria.".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.