Em SC, Bolsonaro ouve queixa sobre gasolina e ataca STF, urnas e Lula
Na visita para participar de uma motociata em Florianópolis hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) saiu de uma breve reflexão dos problemas econômicos do Brasil direto para o debate eleitoral em 2022. Nas diversas "lives" que fez ao longo do dia, ele começou avaliando a alta do preço da gasolina, a pandemia de coronavírus, as geadas que atingiram a produção agrícola no Brasil, além da crise hídrica, que força a geração de eletricidade mais cara e "suja" para o cidadão.
No entanto, logo ligou o modo "eleições". Ao ver milhares de apoiadores gritando seu nome, passou a atacar seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a dizer que as eleições de 2022 precisam ter voto impresso para ser consideradas legítimas e a criticar ministros do Judiciário que pediram —e conseguiram— inquéritos contra ele por ataques ao sistema eleitoral.
O presidente voltou a insinuar que houve fraudes nas eleições, mas, mais uma vez, não apresentou nenhuma prova. Peritos da Polícia Federal e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negam as fraudes.
O foco saiu da situação da economia em 2021 para as eleições do segundo semestre de 2022.
Temos obrigação de pensar lá na frente, não apenas no momento. O que nos plantamos hoje colheremos amanhã"
Jair Bolsonaro, presidente
Logo ao chegar a Florianópolis, o presidente ficou sobre um veículo. Dali, seus assessores ligaram as câmeras de celular e passaram a transmitir ao vivo nas redes sociais a sua chegada. Ele acenava para os moradores enquanto o carro se dirigia ao local da motociata.
Mas aí alguns moradores começaram a gritar: "Baixa a gasolina! Baixa a gasolina!". Bolsonaro não ouviu direito, e um assessor explicou o que era. Ele reclamou: "Argentino", insinuando que esta seria a nacionalidade da pessoa. O preço do combustível subiu acima de R$ 6 por litro em várias cidades.
Mas Bolsonaro voltou ao tema. "Por falta de conhecimento é que o povo pereceu", iniciou. Depois, disse que a alta da gasolina era uma "preocupação". O presidente citou a situação da saúde pública e da economia superficialmente, sempre em voz baixa. "Muitos reconhecem a dificuldade que tivermos com essa pandemia, uma crise hidrológica no país, a geada".
Mas, enquanto falava, começaram a aparecer moradores saudando-o e comemorando sua chegada. Aí, Bolsonaro mudou de assunto. Depois disso, só falou de eleições, voto impresso, "guerra", STF, Lula e eleições. "Querem decidir, no tapetão, as coisas."
"Nove dedos e amigos" não contam votos, diz presidente
Bolsonaro, então, voltou a criticar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em seu discurso. Ele disse temer que um governo de esquerda volte ao Brasil, usando o exemplo da Venezuela, e criticou Lula, sem citar o nome do petista.
"Alguns acham que são donos do mundo", disse em discurso em cima de um caminhão. "Vão quebrar a cara. Não continuem nos provocando, não queiram nos ameaçar." Uma multidão acompanhou o discurso de Bolsonaro no início da tarde.
Ele chamou Lula de "ladrão de nove dedos", uma referência à perda de um membro da mão do petista e à sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O petista ficou 580 dias preso, foi solto e, depois, o STF anulou as sentenças por vícios formais.
Não pensem o ladrão de nove dedos e seus amigos é que vão contar os votos dentro de uma sala secreta"
Jair Bolsonaro
O presidente defende que haja votação com cédulas impressas ao lado das urnas eletrônicas. Para isso, usa um inquérito da Polícia Federal não concluído. A investigação apura uma invasão nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral sem indicar que isso contaminou as eleições de 2018. A Associação dos Peritos Criminais da Polícia Federal (ACPF) negou burla no processo.
Por isso, Bolsonaro disse hoje que o resultado das eleições aconteceria numa "sala secreta". "Não vão ser um ou dois ministros do STF que vão decidir o destino de uma nação", criticou.
Presidente menciona "guerra", "armas" e "luta"
Os assessores do Palácio divulgaram várias imagens do político chegando ao local, pilotando motocicleta, parando em frente à loja de um aliado, a Havan, de Luciano Hang, acenando para militantes numa ponte da cidade, cumprimentando moradores a pé e discursando em caminhão de som diante da multidão.
Num dos vídeos, em cima de uma ponte, o presidente cumprimentou até pessoas que estavam de barco e jet-ski. Ali, um militante pediu a ele: "Manda o [presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto] Barroso à merda". Outros acenaram e chamaram-no de "Mito".
A seguir, Bolsonaro disse ao público, fazendo sinal de uma pistola:
Com vocês, a gente ganha a guerra"
Jair Bolsonaro, fazendo sinal de "arminha"
Não foi a única referência bélica do presidente.
No discurso sobre o caminhão, ele disse: "Lutaremos com todas as armas disponíveis". "Nós faremos tudo pela nossa liberdade, por eleições limpas e contagem pública de votos", continuou depois. "Eleição fora disso não é eleição."
Vitórias no esporte também são ignoradas
Em um comentário sobre o cenário, publicado na sexta-feira (6), o deputado Rubens Teixeira (Republicanos-RJ) disse que discutir o voto impresso neste momento é uma "cortina de fumaça" para os problemas econômicos. "O papo deles é voto impresso porque eles não estão lá para pagar as suas contas",afirmou o parlamentar.
Outro assunto que não entrou na motociata de Jair Bolsonaro foram as medalhas de ouro do Brasil nas Olimpíadas. A seleção brasileira de futebol venceu a Espanha por 2 a 1, no Japão enquanto Bolsonaro gravava vídeos em Florianópolis, dirigia motocicletas e discursava em caminhões.
Até as 15h28 deste sábado, os esportes também não eram mencionados pelo presidente em suas redes sociais.
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