Renan inclui Barros em lista formal de investigados pela CPI da Covid
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou hoje que o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), perdeu o status de testemunha e foi incluído na lista formal de investigados pelo colegiado.
A cúpula da comissão considera que, em seu depoimento no Senado, o parlamentar omitiu informações e deu esclarecimentos insuficientes em relação às suspeitas de envolvimento no caso Covaxin.
Segundo Renan, Barros passa à condição de investigado devido ao "conjunto da obra".
"Pelo conjunto da obra. Pelos indícios, pelo envolvimento, pela comprovação da participação dele em muitos momentos. Ele, a partir de hoje, é mais um investigado formal pela CPI."
O relator destacou que há informações que estão sendo apuradas a respeito de suposto envolvimento do líder bolsonarista não só no caso Covaxin, como também em negociações referentes a outras vacinas. O congressista não revelou detalhes quanto a possíveis novas linhas de investigação.
O nome de Barros surgiu durante os trabalhos da CPI a partir do depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
De acordo com as versões de Miranda e do irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria dito a eles após ser alertado de problemas contratuais no processo de aquisição do imunizante indiano: "Isso é coisa de um fulano".
Na comissão, as testemunhas declararam que "fulano" era uma referência a Barros, possível articulador de esquema que visava atropelar procedimentos burocráticos e acelerar a importação da Covaxin.
O acordo em questão foi assinado em fevereiro deste ano ao custo de R$ 1,6 bilhão, mas nenhum imunizante chegou a ser entregue. Após indícios de irregularidades, o contrato foi suspenso pelo Executivo federal.
Segundo Luís Miranda, houve pressão interna para que as tratativas fossem aceleradas. A conversa com o presidente teria acontecido em 20 de março.
O líder governista nega ter cometido qualquer irregularidade e tem se colocado como vítima de uma disputa política.
As negociações envolvendo a vacina Covaxin constituem uma das principais linhas de investigação da CPI da Covid.
O negócio com o laboratório indiano Bharat Biotech foi intermediado pela Precisa Medicamentos, cujo dono, Francisco Emerson Maximiano, possui outras empresas que já prestaram serviços para o governo em circunstâncias às quais recaem suspeitas.
É o caso da Global Saúde, que, em 2017, acertou contrato para vender medicamentos ao Ministério da Saúde e jamais entregou os produtos. À época, a pasta era chefiada por Ricardo Barros no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Em 2019, quando cobrava a devolução da verba, o ministério afirmou que a Global havia usado "expedientes procrastinatórios e obscuros" e induzido o governo a acreditar que os medicamentos seriam entregues.
Dos R$ 20 milhões que foram negociados, apenas R$ 2,8 milhões teriam sido ressarcidos aos cofres públicos.
Barros, a Global e servidores da Saúde à época respondem a uma ação de improbidade por causa dos medicamentos não entregues. O MPF (Ministério Público Federal) aponta que houve favorecimento à empresa.
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