'CPI é um circo que tenta desgastar o presidente e o governo', diz Barros
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse hoje que a CPI da Covid no Senado "é um circo" que tenta desgastar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governo.
Barros depôs ontem na comissão, mas, após bate-boca entre ele e senadores, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), decidiu encerrar a sessão e disse que o deputado voltará à comissão como convocado. A ação aconteceu após a cúpula da CPI acreditar que Barros mentiu ao longo do depoimento.
Em entrevista à CNN, Barros disse que, antes de a reunião ser suspensa, ele estava dando um "show" e "ganhando de 10 a 0" da CPI.
Ele declarou que não vê diferença em ser chamado novamente à CPI como convocado. Segundo ele, ser chamado para depor como convocado ou indiciado não vai mudar a narrativa de seu discurso. No entanto, Barros voltou a ressaltar que a imunidade parlamentar lhe confere o direito de expressar sua opinião para falar o que pensa sobre o colegiado.
"Vou quantas vezes quiserem, não tem problema, mas vou lá, vou sentar, e vou dar minha opinião para a CPI. O senador Omar Aziz disse que eu só posso dar minha opinião da porta pra fora, acho que ele não sabe o que são as prerrogativas de um parlamentar, tenho direito de dar minha opinião e eu estar lá como convidado, convocado, tanto faz, não perco meu direito da minha imunidade parlamentar. E vou falar o que eu penso essa CPI é um circo, e como circo precisa acabar", disse.
Barros analisa que, até o momento, a CPI não mostrou nenhuma prova consistente de acusação contra ele. Como líder do governo na Câmara, ele reforçou que vai à comissão para "defender o governo", mas negou qualquer relação com fraudes. "O combate à corrupção está no DNA do governo Bolsonaro", e emendou: "Não tenho medo nenhum da CPI".
Sobre a acusação de que empresas estariam se afastando do Brasil por causa dos trabalhos da comissão, Barros declarou que "cada um tem sua responsabilidade" e manteve a posição de sua oitiva. "Estou absolutamente correto e não aceito essas ilações", disse. O parlamentar voltou a afirmar que empresas como a farmacêutica chinesa CanSino estariam se afastando do País, alegando que a falta de um representante legal para a empresa atuar no País seria um sinal de seu desinteresse.
"Vamos à realidade, se eles têm interesse eles deveriam ter representante no Brasil", afirmou o Barros. O parlamentar reforçou as acusações contra o colegiado, dizendo que a CPI "não pode fazer de conta que toda essa confusão não afastou as pessoas" e avaliou que os senadores "se irritaram porque não conseguiram manter a narrativa falsa".
"É por isso que eles (senadores) não se deram bem comigo. Porque eu não permiti que as coisas acontecessem dessa forma. todas as perguntas que me fizeram, eu provei que estava certo", destaca.
Na tarde de ontem ao jornal Valor Econômico, o vice-presidente de Negócios Internacionais da CanSino, Pierre Morgon, rebateu as declarações de Barros, e disse que decidiu trocar a empresa representante do laboratório no Brasil por questões de compliance e que segue interessado em vender sua vacina contra a covid-19 para o Ministério da Saúde. Morgon afirmou que os chineses seguem em busca de um representante "confiável".
Para CPI, Barros mentiu
Para a cúpula da CPI, o líder do governo mentiu ao longo do depoimento. Senadores independentes e da oposição se irritaram quando Barros acusou a comissão de afastar do Brasil empresas que vendem vacinas contra o novo coronavírus.
Na avaliação de Aziz, Barros "quer usar a CPI, o mecanismo de investigação, para se defender, não para falar a verdade".
Em entrevista à GloboNews ontem, o presidente da CPI voltou a criticar Barros. "Ele não pode dizer que a CPI está atrapalhando porque sabe que o governo que ele representa recebeu, em agosto do ano passado, um documento da Pfizer oferecendo vacina. A OMS (Organização Mundial da Saúde) convidou o Brasil para um consórcio. A CoronaVac, que também foi atacada pelo presidente da República, ofereceu".
Na condição de convocado, o líder do governo não poderá optar por faltar à Comissão Parlamentar de Inquérito, ao contrário de quando há um convite. A data e o horário do novo depoimento ficam a critério da CPI.
* Com informações do Estadão Conteúdo
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