Jornal: Coaf vê transação 'atípica' de R$ 125 mil de agricultor para Barros
O líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), recebeu um depósito de R$ 125 mil de um agricultor do Paraná, segundo apontou um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Segundo o jornal O Globo, ambos têm relatos diferentes sobre o pedido da transação.
Investigado pela CPI da Covid no Senado e com um patrimônio avaliado em R$ 5,5 milhões, Barros teria recebido a quantia de um agricultor chamado João Beraldo, que mora em Maringá (PR), região conhecida como o "reduto eleitoral" do político.
De acordo com o Beraldo, que se classifica como "pobre" e diz trabalhar com "agricultura e aviários", a transação realmente aconteceu, segundo ele, após ser procurado por um interlecutor do político que teria dito que o investigado estava com um "aperto". Já Barros alega que ligou para agricultor solicitando o valor.
O agricultor revelou ao jornal que Barros ainda está devendo a quantia de R$ 125 mil emprestada em março deste ano. O relatório do Coaf que aponta transferência já está em posse dos senadores da CPI.
"Uma terceira pessoa me pediu [o empréstimo a Barros], e eu emprestei. Não quero falar o nome dessa pessoa. Disseram que era um aperto, que ele (Barros) estava precisando do dinheiro, e eu emprestei. Não recebi até hoje. Ele deu prazo de 30 a 40 dias para pagar e não pagou. E está prorrogando, diz que vai pagar mais para frente. Não tenho nada a esconder. Não tenho contato com Barros, não tem conversa com ele. Não falo com ele nem por telefone. Falei por telefone uma vez só, sobre outro assunto, e nunca mais falei", informou o agricultor.
O morador de Maringá ainda ressaltou na entrevista que se "alguém fez algo errado, foi ele [Barros]".
Além da declaração de bens em R$ 5,5 milhões, o líder do governo também disse à Justiça Eleitoral ter R$ 446 mil em patrimônio líquido.
Versão de Barros
Já Barros explicou uma versão diferente ao ser questionado pelo jornal sobre o caso. O investigado declarou que conversou com Beraldo diretamente e alegou que o valor do empréstimo era necessário mesmo com o valor de sua declaração de bens e patrimônio junto à Justiça Eleitoral.
"Tenho conta para pagar. Vendo carro, vendo imóvel. O problema é a restrição de crédito que temos no banco. PPE [pessoa politicamente exposta] tem restrição de empréstimo. Eu conheço ele [Beraldo], é uma pessoa da nossa cidade, que empresta recursos quando preciso. Não sei dizer se ele faz para outras pessoas. Eu liguei para ele, perguntei se podia me emprestar um dinheiro, ele disse: 'Posso'", explicou o parlamentar.
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