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Eliziane Gama diz que suposto lobista da Precisa é peça-chave na CPI

Eliziane Gama durante sessão da CPI da Covid; senadora diz que não "tão simples" enganar a comissão   - Waldemir Barreto/Waldemir Barreto/Agência Senado
Eliziane Gama durante sessão da CPI da Covid; senadora diz que não 'tão simples' enganar a comissão Imagem: Waldemir Barreto/Waldemir Barreto/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

02/09/2021 10h52

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse hoje, em entrevista à GloboNews, que o suposto lobista da Precisa Medicamentos Marconny Albernaz Faria é peça-chave na investigação da CPI da Covid. O depoimento de Marconny está marcado para hoje, mas ele ainda não apareceu.

"Ele é uma peça muito importante, peça-chave. Se a gente fizer a análise de todo o trabalho que estamos fazendo, a gente vê claramente uma ligação entre servidores do Ministério da Saúde, empresas, lobistas e você tem agentes políticos. Você tem uma unidade, uma junção de pessoas", disse a senadora, que tem participado com frequência das reuniões da comissão como representante da Bancada Feminina.

Ontem, Marconny chegou a apresentar um atestado médico afirmando estar com dor pélvica e internado no hospital Sírio-Libanês. No entanto, após os senadores desconfiarem do atestado e questionarem o hospital, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informou que o médico responsável pelo parecer entrou em contato e disse ter notado uma "simulação por parte do paciente" e que desejava "cancelar" o documento.

"Além da gente buscar a vinda destes depoentes, a gente não vai admitir nenhuma fraude. Até porque não é tão simples fraudar e ficar incólume. Não basta você dizer 'estou internado'. Há uma responsabilidade médica e questão ética que impedem tentativas de burlar, alterar, fraudar documentos e impedir vindas à CPI", disse Eliziane.

Precisa

A Precisa Medicamentos foi a intermediária das negociações para compra da vacina Covaxin. Em depoimento à CPI, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor concursado do Ministério da Saúde, falaram sobre suspeitas de irregularidades envolvendo esse contrato.

Ao ouvir denúncia sobre o caso, contaram os irmãos Miranda, Bolsonaro teria dito que Ricardo Barros poderia estar envolvido no "rolo". Este nega qualquer irregularidade.

O valor do negócio para a Covaxin, de R$ 1,6 bilhão, chegou a ser empenhado (reservado para esse fim) pelo governo federal. O acordo, porém, acabou suspenso depois que os irmãos Miranda trouxeram à tona suspeitas de corrupção dentro do ministério e possível pressão interna para que o processo de importação fosse acelerado, mesmo à revelia de inconsistências contratuais.

Na última quinta (26), a CPI revelou mensagens, antes sob sigilo, que apontam suposta tentativa de favorecer a Precisa Medicamentos em compra do Ministério da Saúde de testes rápidos de detecção do novo coronavírus. O esquema contaria com a participação de Marconny, indicaram os senadores.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.