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CPI quer que STF investigue prefeito bolsonarista flagrado com R$ 505 mil

Segundo Humberto Costa (à dir.), há indícios de que o dinheiro seria usado para bancar atos de 7 de setembro - Leopoldo Silva/Agência Senado
Segundo Humberto Costa (à dir.), há indícios de que o dinheiro seria usado para bancar atos de 7 de setembro Imagem: Leopoldo Silva/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

01/09/2021 19h03Atualizada em 01/09/2021 22h31

Senadores da CPI da Covid anunciaram hoje que vão pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que investigue a origem dos R$ 505 mil apreendidos pela Polícia Federal em uma bagagem de mão do prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba (PSL), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O caso aconteceu em 26 de agosto. Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE), que afirma ter recebido uma denúncia anônima, o dinheiro encontrado pela PF no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, seria usado para bancar manifestações bolsonaristas programadas para 7 de setembro.

"Todos os indícios são de que esse recurso viria para financiar esse ato contra a democracia do dia 7 de setembro", disse Costa na sessão de hoje da CPI. "Gostaria de pedir a Vossa Excelência [senador Omar Aziz (PSD-AM)], na condição de presidente desta CPI, que pudesse enviar [a denúncia] ao ministro Alexandre de Moraes, (...) para que ele possa tomar as medidas cabíveis".

A escolha por Moraes, acrescentou o senador, se dá porque o ministro é relator do inquérito no STF que investiga o financiamento de atos antidemocráticos, definidos por Costa como "ações que atacam a independência entre os Poderes e que apregoam o fim do Estado Democrático de Direito".

O pedido do parlamentar foi endossado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

"A partir da notícia do fato que nós estamos tendo nesse momento nesta CPI, é urgente que a presidência desta CPI encaminhe a notícia desse fato — com urgência — aos cuidados de Sua Excelência, o ministro Alexandre de Moraes, para a tomada de todas as providências. Esta denúncia pode dar conta de um fio de meada de um esquema criminoso de financiamento de atos contra a democracia", argumentou.

Como se não bastasse, presidente [Aziz], o preço do feijão a quase R$ 14, o preço da gasolina a R$ 7, o preço do gás de cozinha a R$ 120, uma crise hídrica de enormes proporções... Como se não bastasse tudo isso, agora a gente está diante de fatos como financiamento, com dinheiro público sendo utilizado, para conspirar e criar um clima de maior instabilidade no Brasil. De fato, senhor presidente, o povo brasileiro não merece isso.
Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI

Pouco depois, o senador Omar Aziz confirmou que vai encaminhar a Moraes a denúncia recebida por Humberto Costa — ação que, segundo ele, "é o papel que qualquer senador ou senadora tem neste momento".

"Estranha-me um prefeito do interior do Rio Grande do Sul com uma quantidade tão grande de dinheiro sendo detido pela Polícia Federal. A Polícia Federal, fazendo o papel dela, o deteve, abriu inquérito, mas é preciso acompanhar isso de perto para saber realmente quais eram as verdadeiras intenções do prefeito. Sem querer criar nenhum juízo de valor... Mas é muito estranho", opinou o presidente da CPI.

(Com Estadão Conteúdo)