Flagrado com R$ 500 mil, prefeito diz que 'não dá para comprar carro bom'
O prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba (PSL), flagrado pela PF (Polícia Federal) no aeroporto de Congonhas, em São Paulo com R$ 505 mil na bagagem, debochou do valor ao dizer que o montante "não dá para comprar um carro bom". A declaração foi dada durante entrevista à Rádio Gaúcha hoje. Apoiador de Jair Bolsonaro, o político negou que a verba seria destinada para financiar as manifestações bolsonaristas programadas para 7 de setembro.
Ao ser questionado sobre a origem e a finalidade do dinheiro, o prefeito disse não ser "obrigado" a responder e ressaltou que "R$ 500 mil nem dá pra comprar um carro bom". Ainda, ele contou que essa não foi a primeira vez que foi flagrado com uma quantia significativa de dinheiro vivo, e que já foi "pego três vezes no Rio de Janeiro com muito mais que isso".
Durante a CPI da Covid no Senado, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o dinheiro encontrado pela PF com Alba seria para financiar os atos pró-Bolsonaro marcados para a próxima semana. Após o episódio, a CPI da Covid quer a investigação do político, que negou, na entrevista, a informação repassada pelo petista.
"Eu jamais faria um vandalismo desse, pegar dinheiro para patrocinar [protestos]. E eu acho que nem o Bolsonaro, nem o povo brasileiro precisam ser patrocinados, porque nós bolsonaristas usamos o nosso dinheiro, e fizemos o uso para comprar nossas roupas", declarou, destacando que não marcará presença na manifestação e que "jamais" financiou político.
Alba também deu detalhes do episódio no qual foi flagrado com o valor em Congonhas. Segundo contou, ele colocou a mala para passar pelo raio-x, mas foi recusada. Um funcionário do aeroporto o chamou e explicou que havia alguma "irregularidade". O prefeito relatou que estava carregando R$ 1 milhão e 400 mil, e o empregado reportou o caso à PF.
"Quando cheguei no aeroporto, botei minha mala no raio-x, apontou. Fui questionado e disse que tinha R$ 1 milhão e 400 mil. Eu não tenho que dizer o quanto tenho", destacou, salientando que "não seria idiota" de passar esse montante pelo raio-x se o dinheiro não fosse lícito.
"Eu boto o dinheiro onde eu quiser: caixa de papelão, sapato, o dinheiro é meu", Gilmar João Alba.
Patrimônio de 9 milhões
À Rádio Gaúcha, Gilmar João Alba disse possuir um patrimônio de R$ 9 milhões e 600 mil. Para as eleições de 2020, o político declarou bens acima de R$ 8,6 milhões. Questionado sobre a origem do dinheiro, o prefeito de Cerro Grande do Sul afirmou que "não tem resposta para essa pergunta", para, em seguida, justificar que trabalha com vendas de madeira de sua propriedade, com gados, terras e empresas que possui, além de rendas provenientes de aluguéis e empréstimos. Por fim, ele disse estar "disposto a dar curso" para quem quiser aprender a "ganhar dinheiro".
Durante a entrevista, o político falou, pelo menos três vezes, que não concluiu o ensino médio e que todo seu patrimônio está declarado na Receita Federal, e que é justamente pelo fato de ser declarado, que ele anda com os valores "que quiser" para onde "quiser".
Ele pontuou não ter medo de andar com quantias altas de dinheiro mas que, a partir de agora, depois de toda a exposição do caso, deixará de lado esse costume. Em relação ao por que da preferência do uso de dinheiro em espécie em vez de transferências bancárias, ele argumentou que é para "oportunidades de negócios", como obter maiores descontos na "compra de gados e terra em leilões".
"Tem coisas que o dinheiro vivo me permite fazer grandes negócios", completou o prefeito, que se recusou a responder se está no estado do Rio Grande do Sul ou em algum outro lugar.
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