Hartung: Governadores devem exercer liderança das PMs nas manifestações
Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e presidente executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), afirmou hoje que os governadores do país têm ferramentas para manter a ordem e disciplina de suas respectivas polícias militares durante as manifestações programadas para acontecer no dia 7 de Setembro pelo Brasil. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a ida de PMs aos atos.
"A pergunta que não quer calar é se os governadores vão exercer as lideranças ou se omitir novamente. Se eles mantiverem as lideranças, pode ter certeza que as PMs estarão controladas em todos os estados do país", disse ele no UOL Entrevista, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral e pelos colunistas Josias de Souza e Tales Faria.
"As ferramentas que o gestor tem para operar são claras, e muitas vezes eles empurraram com a barriga", afirmou, sem entrar em detalhes. "O problema é fruto da omissão, e não exercício da liderança responsável, que é um grande problema do Brasil", completou, afirmando que "o comandante das PMs são os governadores".
Articulações para 7 de Setembro
Hartung destacou que as manifestações de 7 de Setembro não devem ser subestimadas, já que serão expressivas. "A convocação e a articulação que estão sendo feitas não devem ser subestimadas. Evidentemente que elas estão sendo feitas com interesse de legitimar decisões contra o estado de direito democrático", afirmou.
Para ele, o país vive um momento delicado do ponto de vista institucional com um risco de ruptura. "A sociedade não pode dizer que é ruído, isso é um desafio e precisamos cuidar disso. A sociedade precisa se mostrar ativa, não precisa esperar o problema para agir, a gente faz um muro de contenção para garantir as instituições e o sistema eleitoral", defendeu. "Precisamos sair dessa posição de que o problema é do STF e não é nosso. O problema é de todos nós. O que está sendo feito, o processo de antecipação de 22, de ruptura institucional, isso tudo já está causando prejuízo para o Brasil."
"A oposição está cumprindo seu papel, debatendo, levantando os problemas. O problema é que eu sinto muitas vezes em segmentos da elite que sempre a visão é cortar caminhos. Os desvios que o país tomou não fizeram bem, mas nós vamos seguir em frente, mobilizando a sociedade, conversando, explicando as coisas. Não tem que subestimar o problema, mas nós temos capacidade de fazer essa travessia", completou.
Luciano Huck como alternativa
Hartung também defendeu a candidatura do apresentador Luciano Huck, que, segundo ele, é uma pessoa que milita abertamente por um caminho melhor pro nosso país. "Trazer o Luciano para militância em torno de um caminho melhor para o Brasil, acho que foi uma obra da melhor qualidade feita por um conjunto de pessoas, um conjunto de lideranças importantes. Ele é uma pessoa que milita abertamente por um caminho melhor para o nosso país", afirmou.
Segundo o economista, é importante trazer lideranças e empresários bem sucedidos para debater a política e defendeu a consolidação de uma terceira via: "Há demanda da sociedade procurando outras alternativas. Será construído isso? Eu não sei, é preciso transpor os muros da vaidade. Falar ao coração, à emoção dos brasileiros, tem que ter capacidade de falar com o Brasil diverso".
Ele disse que há "um conjunto de nomes à disposição do país" e citou nomes como Luiz Henrique Mandetta, Rodrigo Pacheco, João Doria, Eduardo Leite e Tasso Jereissati. "A pergunta é: qual deles vai conseguir falar com o país?", indagou.
Hartung destacou que alguns candidatos têm dificuldade em falar com o país. "O fato é que em alguns momentos esse campo que chamo de centro expandido, que vai dos liberais reformistas até a centro esquerda, em alguns momentos esse campo gosta muito de conversar com ele próprio. Precisa quebrar isso aí e conversar com o país diverso, esse é o desafio. Se uma liderança se sobressair nesse diálogo com a sociedade, vai encantar o país".
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