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Bolsonaro está acuado, aposta no medo e na intimidação, diz Boulos

Colaboração para o UOL

07/09/2021 13h31

O coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "está acuado, aposta no medo e na intimidação" para se manter no governo. Em entrevista ao UOL News, o ativista social destacou a "expressividade" das manifestações pró-governo realizadas neste 7 de Setembro, mas destacou que o mandatário não tem forças para aplicar um golpe de estado.

Para Boulos, as manifestações realizadas em várias cidades do país hoje "não estão fora do esperado" e Bolsonaro "jogou todas as suas fichas" nesses atos, sobretudo em um momento no qual a popularidade do presidente continua caindo, a inflação "explosiva", aumentos consecutivos nos preços da gasolina, botijão de gás, conta de luz, alimentos, além da "tragédia humanitária" provocada pela pandemia de coronavírus da qual, diz ele, o mandatário "é sócio".

"Bolsonaro dobra a aposta, essa tem sido a tática dele ao longo do governo. Esse 7 de Setembro também revela um Bolsonaro fragilizado, com 25% de aprovação na sociedade, uma inflação explosiva no Brasil, o preço da gasolina elevado, do botijão de gás, nos alimentos, sem capacidade de dar uma resposta para a crise econômica, e depois de uma tragédia humanitária, da qual ele é sócio, no enfrentamento a pandemia. Esse cenário fez o Bolsonaro ficar acuado", declarou.

Ao UOL News, Guilherme Boulos destacou que o presidenta também teme investigações em curso no STF (Supremo Tribunal Federal) que estão próximas do chefe do Executivo Federal e dos filhos dele. Como alternativa, Bolsonaro "faz uma espécie de fuga para a frente, radicalizando, polarizando cada vez mais o discurso, inclusive porque não tem saída, e porque o cenário eleitoral, hoje, para ele, é muito desfavorável".

Não podemos subestimar Bolsonaro, diz Boulos

Na entrevista ao UOL News, Guilherme Boulos disse que "não podemos subestimar" o perigo que Jair Bolsonaro representa para a democracia no Brasil, pois o presidente "não joga dentro do campo democrático". Entretanto, ele destaca que o mandatário não tem o apoio da cúpula das Forças Armadas tampouco da maioria da população para concretizar um golpe, o que levaria o país a um "isolamento internacional".

"Hoje, Bolsonaro não tem o apoio da cúpula das Forças Armadas, das instituições de segurança para poder fazer uma ruptura institucional. Ele aposta em milicianos, na turma do clube de tiros, em infiltrações e comandos paralelos na PM", disse, ressaltado que "a gente não pode se levar pela intimidação".

"Bolsonaro joga com o medo como ativo político, ele ganhou as eleições em 2018 explorando o ódio e o medo e tem governado da mesma forma. Não podemos não ter reação a isso", Guilherme Boulos.

Segundo o coordenador do MTST, é preciso haver uma união entre a sociedade civil, os partidos de esquerda e os de centro que não coadunam com os ímpetos golpistas do presidente. Ainda, ele defendeu a presença dos militantes de esquerda nas ruas, a exemplo das manifestações do Grito dos Excluídos marcadas para hoje em protestos contra o governo, para que os "fascistas não se sintam os donos das ruas".

"Barrar o Bolsonaro nas suas iniciativas golpistas depende da participação social. Não acho que a gente tem que esperar passivamente as eleições de 2022. Defendo todas as mobilizações de ruas contra o Bolsonaro, porque quando os fascistas se colocam nas ruas sozinhos, eles se sentem os donos das ruas. Se essa turma que hoje é minoria se sentir dono da rua ninguém segura mais", afirmou.

Por fim, Guilherme Boulos repercutiu o discurso feito pelo presidente mais cedo para manifestantes em Brasília, e disse que Jair Bolsonaro repete "a mesma ladainha golpista" que consiste em ataques ao STF, às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro, além de fazer "muita fumaça", e acreditar que as manifestações de hoje representam "uma inflexão na história brasileira", o que, diz ele, não é verdade.