Topo

Esse conteúdo é antigo

Espero que Bolsonaro não chame Temer para se desculpar por Barros, diz Aziz

Do UOL, em São Paulo

14/09/2021 13h22Atualizada em 14/09/2021 14h59

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), ironizou hoje, durante sessão, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e disse esperar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não chame o ex-presidente Michel Temer (MDB) para fazer uma nota de desculpas por causa do parlamentar, que está na mira da comissão.

"Só espero que o presidente Bolsonaro não chame o Temer para fazer uma nota para pedir desculpas por causa do Ricardo Barros. Vai acabar fazendo", disse Aziz.

"Acho que está rolando uma cartinha de desculpas daqui a pouco", acrescentou Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão.

O presidente da CPI se referia à carta à nação, divulgada na semana passada por Bolsonaro, na qual ele recua e declara respeito às instituições brasileiras após um discurso golpista no 7 de Setembro. O passo atrás dado pelo chefe do Executivo aconteceu após o envolvimento direto de Temer.

Mais cedo, Aziz já havia ironizado a situação e citado Barros. "Eu vou pedir para vocês não falarem no deputado Ricardo Barros. Ele é onipresente, é uma pessoa que está presente em todos os cantos do governo, intocável perante o presidente Bolsonaro, intocável perante os apoiadores, porque permanece... Mesmo que a gente mostre aqui, desnude, senador Randolfe, o líder na Câmara do presidente Bolsonaro, isso não vai mudar nada não, vai continuar lá. Talvez o presidente escreva uma nota um dia pedindo desculpas também por ter mantido ele até hoje como líder dele", disse.

A CPI ouve hoje o advogado e dono da Rede Brasil de Televisão, Marcos Tolentino. Ele negou ser um "sócio oculto" do FIB Bank — empresa que atuou como fiadora da negociação de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.

Tolentino também presta esclarecimentos devido à relação de amizade com Barros.

Ex-ministro da Saúde no governo Temer, o deputado é suspeito de favorecer a Precisa Medicamentos, empresa que intermediou o negócio da Covaxin — antes de o contrato ser cancelado após suspeita de irregularidades —, e a farmacêutica Belcher — de Maringá, reduto eleitoral de Barros — para emplacar a compra da vacina chinesa Convidecia.

O líder do governo confirma a proximidade com Tolentino, mas nega ter praticado irregularidade.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.