Zema usa fala machista para atacar Amôedo: Mulher que fica obcecada pelo ex
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deu uma declaração machista ao atacar seu colega de partido João Amoêdo, candidato às eleições presidenciais pela legenda em 2018, pelas críticas que ele faz ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Sem citar nominalmente Amoêdo, Zema disse em uma entrevista ao portal Money Report que o empresário tem "obsessão" por Bolsonaro por ter perdido as eleições e o comparou a uma mulher que separa e "passa a ter como obsessão destruir a vida do ex".
Amoêdo ficou em quinto lugar na disputa pelo Palácio do Planalto em 2018, com 2,5% dos votos válidos. Ele declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, mas hoje se coloca como opositor ao governo federal.
"Ficar só mandando pedra é a coisa mais fácil e se já tem cem mil mandando pedra, cem mil e um não vai fazer diferença nenhuma, você só fica encorpando um grupo já muito grande e acaba caindo na mesmice dos outros. Acho que todo governo tem erros, tem acertos, o meu governo não é diferente. E vejo que nós temos que ser ponderados e ser mais propositivos do que agressivos, porque o partido nos últimos meses ou talvez de um, dois anos para cá, ele passou a somente a mandar pedra. E as propostas nossas? E as mudanças? E as discussões que precisam ser feitas?", questionou Zema.
Está havendo, assim, uma obsessão e quando alguém fica obcecado fica cego. Nós comentamos como exemplo, eu sei que isso acontece tanto com homens quanto com mulheres, mas um percentual mais elevado com mulheres é a mulher que separa e passa a ser a obsessão da vida dela destruir, atacar o ex-cônjuge e parece que no caso do partido Novo a derrota até hoje não foi digerida. 'Eu sou mais rico, eu sou mais inteligente, eu sou mais escolado, eu nunca poderia ter perdido essa eleição'. Mas perdeu. Tem de tocar a vida para frente, agora só ficar remoendo fica muito difícil. Me parece que tem um problema aí nesse sentido Romeu Zema, governador de Minas Gerais
Eleito na esteira do bolsonarismo em 2018, Zema se mantém próximo ao presidente, mas busca agora modular o discurso para viabilizar sua candidatura à reeleição no ano que vem. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em junho, o governador mineiro disse que não se arrependeu de ter votado em Bolsonaro em 2018.
Em agosto, Amoêdo, em entrevista ao UOL News, lamentou o posicionamento de Zema, que, na véspera, afirmou não descartar um possível apoio à candidatura do atual chefe do Executivo federal nas eleições do ano que vem.
"Acho complicado ter pessoas dentro do partido Novo que apoiam Bolsonaro, não consigo ver nenhuma justificativa", disse o empresário.
'Postura inaceitável', diz Amoêdo
Ao UOL, Amoêdo classificou hoje a postura do governador mineiro como "inaceitável" e criticou o que chamou de "agressão gratuita às mulheres".
Ele disse que sabia que suas chances de vencer as eleições de 2018 eram pequenas, mas decidiu participar do pleito com intuito de também divulgar o partido Novo.
"É uma fala mentirosa, tenta desqualificar minhas críticas dizendo que é obsessão porque perdi (...) É um desequilíbrio incompatível com um governador", falou ele, lembrando que participou de reuniões com Bolsonaro no início do governo para ajudar na reforma da Previdência, mas que suas críticas ao governo aumentaram em razão da pandemia.
Amoêdo afirmou ainda que a fala vai contra o estatuto da legenda, que prevê um relacionamento cordial entre os colegas, mas disse que ainda não sabe se pretende tomar alguma medida contra Zema e que espera que ele reflita sobre sua declaração.
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