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Lula ironiza 'procura' por 3ª via: 'como se fizessem Enem para candidato'

Lula durante entrevista à Rádio Capital de Cuiabá; críticas ao que chamou de procura por "terceira via" - Reprodução/YouTube
Lula durante entrevista à Rádio Capital de Cuiabá; críticas ao que chamou de procura por "terceira via" Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

29/09/2021 10h35Atualizada em 29/09/2021 11h13

O ex-presidente da República Luiz Inácio da Silva (PT) disse, em entrevista à Rádio Capital de Cuiabá, que a tentativa de viabilização de uma chamada "terceira via" demonstra fragilidade política no Brasil.

Referindo-se à parte da imprensa, ele comparou a um vestibular a "procura" por um candidato forte para concorrer contra ele e contra o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2022.

"Parece que pela primeira vez na história do País setores da imprensa estão procurando candidatos. Já tentaram o [apresentador Luciano] Huck, agora o [apresentador José Luis] Datena. É como se estivessem fazendo um Enem para procurar um candidato quando tudo poderia ser resolvido da forma simples", disse.

Na avaliação de Lula, os partidos devem medir forças no primeiro turno das eleições, sendo prejudicial uma eventual composição de uma grande aliança com o único intuito de acabar com a chamada polarização entre Bolsonaro e o PT.

"Essa busca pela terceira via reflete apenas a fragilidade política do país. Tem 32 partidos, todo mundo pode ter candidato. Mas agora os setores de comunicação decidiram fazer um vestibular para selecionar um candidato. É o empobrecimento da política", disse.

A manifestação de Lula ocorre em um momento de intensa movimentação visando as eleições de 2022. Diversos nomes da direita, como os ex-ministros Sergio Moro (sem partido) e Luís Henrique Mandetta (DEM), o apresentador José Luiz Datena (PSL) e os governadores tucanos Eduardo Leite e João Doria, tentam viabilizar uma candidatura.

Ao mesmo tempo, Ciro Gomes (PDT) tenta se colocar na disputa como uma alternativa da esquerda à polarização, mostrando-se aberto a alianças com setores da direita.

Neste cenário, Lula avalia que as críticas que têm recebido de pré-candidatos, como em debate na GloboNews no último fim de semana, deve-se ao temor de que ele ganhe a eleição no primeiro turno. Pesquisas recentes mostram o petista em vantagem na disputa.

"Defensores do "nem nem" tem a seguinte ideia. Acham que Bolsonaro está morto, coisa que não acredito porque quem está na presidência pode se recuperar porque tem a caneta na mão. Mas eles acham que se ficarem só batendo no Bolsonaro, Lula pode ganhar no 1º turno. Então temos que bater muito no Lula também. Essa que é a lógica", disse.

Elogios às prévias do PSDB

Falando diretamente sobre o partido com o qual mais antagonizou depois da redemocratização, Lula fez elogios ao PSDB, dizendo que a disputa das prévias é positiva.

"O PSDB está correto de fazer prévias, que escolham o melhor deles e que venha para a disputa", disse Lula, que ainda fez elogios à postura do partido em campanhas anteriores.

"Uma coisa era disputar contra o Fernando Henrique, contra o Serra, contra o Alckmin, outra coisa é disputar com o troglodita do Bolsonaro", disse o ex-presidente, que só fez ressalva à postura de Aécio Neves nas eleições de 2014 após a derrota para Dilma Rousseff (PT). "Ficou instigando a anulação das eleições e o ódio", opinou.

Participam das prévias do PSDB o ex-senador Arthur Virgílio e os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.