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Bolsonaro volta a atacar CPI e chama Aziz e Braga de 'folgados do Amazonas'

Bolsonaro ao lado do apresentador Sikêra Júnior - Reprodução/Rede TV
Bolsonaro ao lado do apresentador Sikêra Júnior Imagem: Reprodução/Rede TV

Colaboração para o UOL, em Brasília

27/10/2021 19h56

Em entrevista hoje ao programa Alerta Nacional com Sikêra Jr., o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o colegiado da CPI da Pandemia no Senado. "A CPI chegou bem depois [do início da pandemia]. O G7, tem dois daqui, dois folgados do Amazonas", disse o presidente, sem citar os nomes dos senadores Omar Aziz e Eduardo Braga, ambos eleitos pelo Estado e pertencentes ao colegiado que investigou a gestão pública durante a pandemia da covid-19.

"Chegaram em Brasília para fazer política, abriram a CPI já com o relatório pronto e começaram a torturar muitas pessoas. É isso que fizeram... Interrogavam quem bem entediam e queriam o tempo todo conduzir os depoimentos", disse Bolsonaro.

Segundo o presidente, a CPI, que solicitou 80 indiciamentos ontem, entre eles o do próprio Bolsonaro, prejudica a imagem do país no exterior. "Isso atrapalha a imagem do Brasil. Prejudica os negócios do País. O pessoal de fora fica pensando que o Brasil não tem lei... País com presidente genocida. O único país do mundo que tomamos noticia em que o presidente foi investigado por causa da pandemia foi o nosso", disse Bolsonaro.

O chefe do Executivo disse ainda Aziz e o deputado Renildo Calheiros (PCdoB) aprovaram emendas para que governadores e prefeitos comprassem as vacinas a qualquer preço às custas do governo federal.

"O Omar apresentou emenda a uma MP nossa, cujo relator era o Randolfe Rodrigues. Pediam que qualquer prefeito ou governador pudessem comprar qualquer vacina do mundo ao preço que fosse. Imagina a festa que ia ser. Barramos isso e eles ficaram bravos. Essa foi a CPI, não investigavam o tal de Carlos Gabas, que sumiu com R$ 48 milhões e não adquiriu um só respirador", disse.

Carlos Eduardo Gabas, que é secretário-executivo do Consórcio Nordeste, foi intimado, como investigado, a depor na CPI da Covid no Rio Grande do Norte, mas permaneceu em silêncio durante todo o tempo da sessão, em 6 de outubro. Ele havia conseguido na Justiça habeas corpus que o deu o direito de não responder nenhum questionamento.

Na CPI do Senado, a convocação de Gabas chegou a ser aprovada, mas a oitiva não foi marcada.

O consórcio teria comprado de 300 ventiladores clínicos de UTI da empresa Hempcare, em valor aproximado de R$ 48 milhões, pagos antecipadamente. Os ventiladores seriam distribuídos para todos os estados da região, mas nunca foram entregues, segundo o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), solicitante da intimação de Gabas.

A CPI

Às vésperas de completar seis meses de atividades, a CPI da Pandemia aprovou ontem seu relatório final. Prevaleceu o texto do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que recebeu sete votos favoráveis e quatro contrários.

Votaram a favor do documento os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Eduardo Braga (MDB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Otto Alencar (PSD-BA). Votaram contra os senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC) e Luis Carlos Heinze (PP-RS).

O parecer do colegiado agora será encaminhado à Câmara dos Deputados, à Polícia Federal, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao Ministério Público Federal (MPF), ao Tribunal de Contas da União (TCU), a ministérios públicos estaduais, à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Defensoria Pública da União (DPU) e ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

A versão final do parecer, que tem 1.279 páginas, recomenda o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro pela prática de nove infrações. Os três filhos do presidente também não foram poupados pelo relator, que os acusou da prática de incitação ao crime: o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Além deles, Renan Calheiros identificou infrações penais cometidas por duas empresas, a Precisa Medicamentos e a VTCLog, e por outras 74 pessoas. Entre elas, deputados, empresários, jornalistas, médicos, servidores públicos, ministros e ex-ministros de Estado.