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Arthur do Val diz que fim da meia-entrada é para 'ampliar acesso à cultura'

25 out. 2020 - Arthur do Val (Patriota) explicou o projeto de sua autoria - CELSO LUIX/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
25 out. 2020 - Arthur do Val (Patriota) explicou o projeto de sua autoria Imagem: CELSO LUIX/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

28/10/2021 13h52Atualizada em 28/10/2021 14h47

O deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP) disse hoje, em entrevista ao UOL News, que o projeto para acabar com a meia-entrada específica para categorias em eventos culturais tem o objetivo de "ampliar o acesso à cultura". A presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) rebateu os argumentos utilizados pelo parlamentar.

O projeto de lei 300 /2020, de autoria do deputado do Val, foi aprovado ontem pela Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e o texto segue para sanção do governador João Doria (PSDB).

"Quem é da faixa de idade considerada de idoso já tem o benefício da meia-entrada. Qual é o debate aqui? Nós temos duas coisas aqui, que é a intenção e a segunda é como chegar no objetivo. A minha intenção com o projeto é ampliar o acesso à cultura. Parece um pouco contraintuitivo, 'não entendi, você quer acabar com a meia entrada para favorecer a cultura?' Sim, de forma completamente igualitária."

O parlamentar citou o exemplo de um universitário rico que paga meia-entrada enquanto a "faxineira que trabalha na casa desse estudante paga inteira" no ingresso. Para o político, essa situação é uma "distorção absurda e imoral" e afirmou que entende a ideia do projeto de oferecer acesso aos meios culturais para os estudantes, porém, "discorda da forma com que ele é feito".

"É uma distorção absurda que causa inclusive o encarecimento dos ingressos. Basicamente o que a gente tem hoje é a metade do dobro e eu posso provar matematicamente como a meia-entrada encarece os ingressos", disse.

Segundo o autor do projeto, em razão de a meia-entrada ser uma lei federal, "a manobra" que ele encontrou para pôr fim a meia-entrada no estado de São Paulo foi "ampliando o benefício a todos, na lógica de se todos têm, ninguém tem".

UNE rebate e vê projeto com 'preocupação'

A presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Bruna Brelaz, classificou o projeto proposto por do Val como "a nova inteira e a inteira é o novo dobro" e disse que a organização vê a medida com "preocupação".

Segundo a presidente da organização, o parlamentar deixa claro em suas falas que o projeto visa ajudar os produtores de eventos enquanto deixa para trás o direito constitucional do acesso à cultura. Ela ainda alertou que a meia-entrada é uma garantia para aqueles estudantes pobres que ingressaram em universidades de consumirem tais atividades.

"Sinceramente, deputado, quando você menciona a empregada doméstica, o pedreiro, eu acho que isso não contemplaria, de fato, algum tipo de ampliação desse direito para pessoas mais pobres, pessoas que não conseguem ter acesso à cultura. Eu acho que nós precisamos ter uma ação enquanto sociedade de pressionar [para ter] uma garantia constitucional do direito ao acesso à educação, à cultura, que já está previsto na Constituição."

Brelaz ainda afirmou que "haverá pressão estudantil" para ter o veto ao projeto de lei.