Moro diz ser impróprio sua defesa não ter sido avisada de fala de Bolsonaro
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro e a defesa do ex-juiz criticaram hoje o depoimento prestado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à Polícia Federal. Moro disse considerar "impróprio" que Bolsonaro tenha sido ouvido sem que seus advogados fossem avisados e pudessem fazer perguntas.
O ex-juiz, que se se filiará ao Podemos na semana que vem e é potencial adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022, também negou ter condicionado uma eventual troca no comando da PF à indicação de seu nome a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
"Não troco princípios por cargos. Se assim fosse, teria ficado no governo como ministro. Aliás, nem os próprios ministros do governo ouvidos no inquérito confirmaram essa versão apresentada pelo presidente", disse Moro, por meio de nota.
Segundo ele, os motivos para substituição de Mauricio Valeixo, então diretor-geral da PF, "foram expostos pelo próprio presidente na reunião ministerial de 22 de abril de 2020 para que todos ouvissem".
Advogado do ex-ministro, Rodrigo Sánchez Rios também afirmou que o ex-juiz deveria ter sido informado sobre o depoimento, uma vez que a investigação foi iniciada a partir de afirmações feitas por Moro.
"A defesa do ex-ministro Sergio Moro foi surpreendida pela notícia de que o presidente da República, investigado no Inquérito 4831, prestou depoimento à autoridade policial sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada previamente, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes", escreveu o advogado em comunicado.
Rios argumentou ainda que a diferença entre o procedimento para o depoimento de Moro, em 2020, e o de Bolsonaro representa uma "falta de isonomia".
O presidente prestou depoimento à Polícia Federal na noite de ontem, em Brasília. Ele é investigado por suposta interferência indevida na PF, o que foi denunciado por Moro ao deixar o Ministério da Justiça.
Bolsonaro negou qualquer ingerência, mas confirmou que pediu que Moro trocasse o diretor-geral da Polícia Federal, que na época era Maurício Valeixo. Segundo ele, isso aconteceu "em razão da falta de interlocução que havia entre o presidente da República e o diretor da Polícia Federal".
Moro pediu demissão do Ministério da Justiça e rompeu com Bolsonaro no dia 24 de abril de 2020. Na ocasião, ele justificou sua saída do governo pela suposta interferência política de Bolsonaro no trabalho da PF. Depois disso, em julho, o ex-juiz negou, em depoimento à Justiça Federal, que ele próprio tivesse interferido na polícia.
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