Topo

Esse conteúdo é antigo

Se Bolsonaro for ao 2º turno com Lula, PDT estará com petista, diz Lupi

Colaboração para o UOL, no Rio

12/11/2021 11h51Atualizada em 12/11/2021 14h25

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse a Fabíola Cidral, Josias de Souza e Leonardo Sakamoto, no UOL Entrevista de hoje, que o partido apoiará o ex-presidente Lula (PT) caso o petista enfrente Jair Bolsonaro (sem partido) no segundo turno das eleições do ano que vem.

O pedetista, no entanto, descartou uma aliança com Lula no primeiro turno, já que Ciro Gomes (PDT) deverá ser o candidato da legenda à Presidência da República em 2022.

"No primeiro turno, não vejo possibilidade. Agora, segundo turno é outra eleição. Vamos ver quem é o adversário. Se for Bolsonaro ou seus representantes, com certeza não estaremos com Bolsonaro, estaremos com Lula", afirmou Lupi.

Lupi disse que no pleito de 2022, o PDT vai lutar "contra essa direita, qualquer que seja sua representação". Ele também rechaça um possível apoio a Sergio Moro (Podemos) ou João Doria (PSDB), vendo os dois como "adjacentes" de Bolsonaro.

Estaremos contra o palanque onde estará Bolsonaro e seu grupo... o que eu chamo de adjacente é o que tem a política da direita, política raivosa, odienta. O Mouro é, acho que o Doria tem essa característica. Já não acho Eduardo Leite (PSDB) com essa característica
Carlos Lupi

Ataques de Ciro a Lula

Sobre os constantes ataques que Ciro faz a Lula, o presidente nacional do PDT diz que "cada um tem seu estilo de fazer campanha e de emitir suas opiniões". Para ele, o petista foi um "bom presidente da República", apesar de fazer ressalvas na gestão do aliado histórico no governo federal.

"Foi um presidente que gerou muito emprego para os pobres, que fez uma política social muito boa, mas, ao mesmo tempo, foi o presidente da República que mais ajudou os grandes conglomerados nacionais e internacionais. Foi também o presidente que mais fez o sistema financeiro ganhar dinheiro. Esta para mim é a nossa diferença", diz Lupi.

O político discorda de ataques pessoais ao ex-presidente, dizendo que a diferença do PDT com Lula é em relação à política pública.

Não faço a política pessoal, para mostrar minha divergência enquanto ao aspecto pessoal. Minha divergência é contra aspecto programático e como se executa o poder
Carlos Lupi

Datena

Lupi cita José Luiz Datena (PSL) sobre possíveis novos quadros políticos do PDT. Ele reafirmou o que já havia dito ao UOL News do último 14 de outubro, que convidou o apresentador a se filiar ao partido, cogitando seu nome para vice na chapa de Ciro, ou representante da legenda ao Governo de São Paulo ou ao Senado.

"Coloquei para ele que teríamos que avaliar em uma pesquisa quali e quantitativa qual seria a melhor maneira de ele contribuir. Ele até colocou, com humildade, 'acho difícil ser vice, porque vocês precisam de coligação'. Falei 'quem garante que teremos coligação?'", afirma Lupi.

O político vê Datena como um bom nome para o PDT, dizendo que o apresentador tem uma relação pessoal antiga com Ciro. Para ele, Datena é "um homem de grande liderança popular".

Ele é um cara que mantenho diálogo, já tinha avisado para a gente o desconforto com essa fusão PSL-DEM. Está conversando também com o PSD... vejo ele como um nome forte em São Paulo, que é 20, 22% do eleitorado do Brasil. Sem São Paulo, ninguém ganha a eleição
Carlos Lupi

Alckmin

Lupi também citou o nome de Geraldo Alckmin (PSDB) como possível novo integrante do PDT. Ele disse que convidou o ex-governador de São Paulo para fazer parte do partido há algum tempo e até agora Alckmin "ainda não disse não".

"É um homem respeitável, foi um bom governador, tem um perfil respeitável em todos os setores da sociedade, não tem agressividade, tem diálogo. Está mantida essa conversação", disse Lupi.

O político diz ainda não acreditar em uma possível aliança entre Lula e Alckmin, como se tem ventilado nos bastidores da política do país. De saída do PSDB, é dada como certa a ida do ex-governador ao PSD.

Pelo que ele (Alckmin) me fala, acho difícil essa composição dele com Lula. O Lula sempre trabalha com a avaliação de que representa uma área mais à esquerda e popular, e que precisa de um vice mais conservador, como foi o José Alencar. É o Alckmin? Não sei. Pode acontecer? Acho pouco provável... o Alckmin claramente para mim me disse que é candidato a governador de São Paulo
Carlos Lupi

Alianças regionais

Ao falar sobre as alianças das candidaturas a governo do estado nas eleições de 2022, Lupi não descarta uma união entre o PDT e Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo. Ele trata um possível apoio mútuo entre Ciro e Boulos como uma oportunidade do presidenciável pedetista ter um forte palanque no estado.

"Isso faz parte de uma política de aliança que você tem que ter, porque a cada espaço você vai ganhando espaço também para projetar seu candidato a presidente da República. São Paulo é 22, 23% do eleitorado brasileiro. Então temos que ter algum espaço para colocar a candidatura do Ciro aí", afirmou o presidente nacional do PDT.

Lupi ainda vê como "muito difícil" Ciro em campanha com o possível candidato petista Fernando Haddad (PT) ao Governo de São Paulo.

Em São Paulo, até agora, não tenho um nome que possa puxar nossa legenda. Nossa prioridade é sempre ter um palanque onde o Ciro possa ser um dos protagonistas, ser uma personalidade que está lá para ajudar e ser ajudada pelo partido
Carlos Lupi