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Lula diz que Brasil vive tragédia com Bolsonaro: 'compromisso de tirá-los'

Do UOL, em São Paulo

15/11/2021 15h17Atualizada em 16/11/2021 12h33

Em discurso no Parlamento Europeu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Brasil vive uma "tragédia sem precedentes" desde que Jair Bolsonaro (sem partido) chegou ao poder e listou uma série de condutas do que chamou de "atitude criminosa" do governo durante a pandemia do novo coronavírus.

Lula está em Bruxelas, na Bélgica, para participar da Conferência de Alto Nível da América Latina, promovida pelo bloco social-democrata. Antes de seu discurso, o ex-presidente concedeu uma entrevista na qual respondeu a perguntas sobre a política interna, dizendo que não descarta Geraldo Alckmin como vice em sua chapa para as eleições de 2022.

No Parlamento Europeu, Lula fez uma introdução se referindo a políticos presentes na conferência, como o ex-presidente equatoriano Rafael Correa, e comentou sobre a chegada ao poder de Bolsonaro em 2018.

"Lógico que nunca imaginei que o Brasil iria eleger uma pessoa como Bolsonaro. De qualquer forma, se temos alguma responsabilidade enquanto esquerda e progressistas de alguns setores da direita governarem nosso país, agora temos o compromisso de tirá-los e devolver a democracia e bem-estar social ao nosso povo", disse

Ao comentar especificamente sobre o Brasil, Lula disse que o país "vive hoje uma tragédia social, econômica, ambiental e sanitária sem precedentes" e fez críticas à conduta do governo durante a pandemia.

"O atual presidente ironizou a gravidade da doença. Zombou dos mortos. Atrasou o quanto pôde a compra das vacinas. Fez propaganda enganosa e distribuiu medicamentos comprovadamente ineficazes contra o vírus", disse.

"Deixou faltar oxigênio em hospitais. Incentivou e promoveu aglomerações. Induziu a população à desconfiança quanto à eficácia das máscaras. Ajudou a espalhar fake news contra as vacinas, chegando a dizer que elas podem levar as pessoas com HIV a desenvolverem aids", completou.

"Brasil tem jeito"

Ainda sem se colocar como candidato a presidente, Lula ainda disse que "partidos e candidatos progressistas vêm conquistando importantes vitórias" no mundo. "Estou certo de que vai acontecer também no Brasil, a partir da eleição presidencial do ano que vem", disse.

Ele se referiu a vitórias de candidatos ligados à extrema direita como "era das trevas que se abateu no planeta" e, referindo-se ao Brasil, repetiu ao longo do discurso que o país "tem jeito".

"Ele é muito maior do que qualquer pessoa que tenta destruí-lo", disse.

Ao final do discurso, Lula disse que o "mundo não suporta mais nazismo e fascismo" e precisa de paz e amor.

Crítica a países ricos

Lula também fez referências, em seu discurso, à política global, criticando os gastos dos países ricos com o meio ambiente.

"Não faltam recursos para salvar bancos e para causar a morte ou o deslocamento forçado de milhões de seres humanos. Mas na hora de salvar vidas humanas ou o próprio planeta em que vivemos, a solidariedade dos países ricos é dezenas de vezes menor', disse.

Dizendo-se um otimista indignado, Lula ainda disse que a preservação do meio-ambiente passa pelo combate à desigualdade. "A luta pela preservação do meio ambiente para mim é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo", disse.