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A apoiador, Bolsonaro diz que 'Exército está ocupando o sul da Bahia'

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

14/12/2021 12h26

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em tom de ironia, que "o Exército está ocupando o sul da Bahia". A declaração, feita a um apoiador no cercadinho do Palácio da Alvorada, na manhã de hoje, faz referência ao trabalho dos militares no resgate e realocação de vítimas das enchentes e inundações que colocaram municípios da Bahia e de Minas Gerais em situação de emergência.

Durante o último fim de semana, Bolsonaro visitou as áreas mais afetadas pelo temporal. Ele pousou em Porto Seguro (BA), de onde pegou um helicóptero para sobrevoar a região. Também esteve em Itamaraju.

O governo estadual da Bahia é chefiado pelo petista Rui Costa, adversário do presidente da República no contexto político nacional. Ontem (13), o governador fez críticas ao mandatário do Executivo federal e classificou o sobrevoo pelas cidades devastadas pela chuva como um "ato político".

Em entrevista ao UOL News, o petista também chamou de "ridícula" a liberação do FGTS (Fundo de Garantia e Tempo de Serviço) à população prejudicada pelas enchentes no estado.

"Foi um ato político de campanha, fazendo carreata na cidade de Itamaraju e agredindo jornalistas. Infelizmente, vivemos no Brasil várias tragédias seguidas. A maior tragédia é a gestão do presidente. Bolsonaro não tem nenhum sentimento de humanidade, de empatia", disse Costa.

De acordo com o governo baiano, as enchentes, que começaram no meio da semana passada, já impactaram mais de 220 mil pessoas.

A União informou ter montado uma força-tarefa para promover ações emergenciais na região. Participam do trabalho as Forças Armadas, técnicos do Ministério do Desenvolvimento Regional e equipes da Defesa Civil nacional. Segundo o governo, já foram liberados R$ 5,8 milhões para os seguintes municípios baianos afetados: Eunápolis, Itamaraju, Jucuruçu, Ibicuí, Ruy Barbosa, Maragogipe e Itaberaba.

O governador do estado, por outro lado, afirmou durante a entrevista ao UOL News que a única ajuda oferecida pela União foram dois helicópteros enviados pela Marinha para auxiliar na entrega de mantimentos e resgate de moradores.

Bolsonaro fala em 'pós-pandemia'

Depois de deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro cumpriu agendas de rotina no Planalto e, no fim da manhã de hoje, participou de um evento de lançamento da edição anual do programa Rodovida, criado pela PRF em 2011 com o intuito de reduzir o número de acidentes e eventos trágicos nas estradas.

Em discurso durante a solenidade, o presidente voltou falar em fim da pandemia do coronavírus, na contramão de especialistas e autoridades sanitárias em todo o planeta que alertam para a possibilidade de novas ondas. A Europa, por exemplo, vive atualmente aquela que é considerada a quarta onda de covid, e a preocupação se tornou ainda maior devido ao avanço da variante ômicron.

Para Bolsonaro, no entanto, o Brasil estaria em uma "pós-pandemia". Eles também criticou as "autoridades" (sem citar nomes) que optariam por um discurso mais cauteloso em relação à crise sanitária.

"O Brasil vive um momento difícil... Pós-pandemia, que eu acho que, se Deus quiser, chegou ao fim. Se bem que parece que para algumas autoridades, ainda não, né? As consequências [são] inflação, aumento de combustível, entre outros aí... Mas a gente vai vencer esse momento."

A uma plateia lotada de policiais federais, policiais rodoviários federais e outros agentes da área de segurança, Bolsonaro relembrou experiências pessoais no trânsito.

"Eu já fui parado por vocês várias vezes na pista. Pelo que me lembro, só peguei duas multas pelo radar, mas nada além disso aí. Multa merecida. Em um descidão, na reta, colocava na banguela naqueles bons tempos meus de tenente, capitão."

"A gente pensa que nunca pode acontecer com a gente [sobre acidentes de trânsito]. Eu só tive duas vezes de moto que me quebrei todo. Depois passei a andar de moto só em motociata por aí."

O chefe do Executivo federal também revelou que a cúpula do Planalto fará hoje à tarde uma reunião com a equipe econômica. E convidou as direções da PF, da PRF e da Polícia Penal para o encontro. Em tese, eles participariam para levar ao Ministério da Economia demandas relacionadas às categorias da segurança pública, tais como a possibilidade de reajuste salarial.

Bolsonaro, no entanto, não revelou detalhes das conversas mantidas com a equipe de Paulo Guedes. No discurso, o presidente afirmou apenas que estaria disposto a "corrigir injustiças" (sem explicar do que se tratava).

"Vocês estão convidados a participar hoje à tarde de uma reunião com a equipe econômica. Algumas injustiças acontecem em nossas vidas, não quero me eximir de responsabilidade, temos que buscar corrigi-las."

"Se Deus quiser, teremos uma reunião bastante profícua hoje à tarde onde poderemos atender a todos vocês."