Difícil trabalhar com tantas ameaças, diz Camarotti sobre governo Bolsonaro
O jornalista Gerson Camarotti, da Rede Globo, admitiu, em entrevista ao programa do UOL "Jornalistas e Etc" veiculada hoje, que é difícil fazer jornalismo durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Muito difícil você cumprir [o trabalho] com tantas ameaças à imprensa. Você tem ameaças físicas, intimidação. Eu já cobri eleição com Lula, FHC, e a imprensa era respeitada", lamentou o comentarista político.
Apesar das dúvidas levantadas por Bolsonaro (PL) e apoiadores sobre o pleito de 2022, Camarotti acredita que as instituições estão sólidas e não deve ocorrer ruptura.
"Eu ainda acredito nas nossas instituições, apesar da tentativa de politizar as polícias militares, Forças Armadas. Sempre que converso com generais, sinto um cuidado no respeito à Constituição", avaliou. "A imprensa, apesar desse tipo de ameaça, trabalha com liberdade de expressão. Eu acredito que, apesar das ameaças, as instituições vão funcionar."
Bolsonaro intimado
Bolsonaro recebeu uma intimação da Polícia Federal para prestar depoimento no inquérito sobre vazamento de dados de uma investigação que apura ataque hacker aos sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O presidente utilizou o conteúdo vazado para atacar a segurança das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral brasileiro. De acordo com a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, após ouvir o delegado responsável pelo inquérito, afastado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e o deputado Filipe Barros (PSL-PR), a delegada Denisse Ribeiro decidiu intimar Bolsonaro.
O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, minimizou ontem os ataques proferidos por Bolsonaro contra a urna eletrônica e disse que a disputa da Corte com o governo acerca da credibilidade do equipamento é coisa do passado.
"Não temos controle sobre o imaginário das pessoas. Tem gente que acha que o homem não chegou à lua", disse Barroso. "Os críticos mais ferrenhos já diminuíram o tom na crítica. Esse é um tema superado. O próprio presidente Bolsonaro se manifestou pela credibilidade do sistema."
A fala ocorreu durante visita de lançamento do novo modelo de urna eletrônica, que será usado na eleição de 2022. A previsão é que 224.999 novos equipamentos sejam entregues até julho de 2022.
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