Alckmin deixa PSDB em meio à especulação sobre chapa com Lula: 'Novo tempo'
A pouco menos de um ano das eleições de 2022, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou hoje sua saída do PSDB. Em mensagem nas redes sociais, ele exaltou sua trajetória no partido, dizendo ter dado o "melhor" de si, e afirmou que falará sobre seu futuro "em breve", em meio às especulações sobre uma possível candidatura a vice em chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"É um novo tempo! É tempo de mudança! Nesses mais de 33 anos e meio de trajetória no PSDB, procurei dar o melhor de mim. Um soldado sempre pronto para combater o bom combate com entusiasmo e lealdade. Agora, chegou a hora da despedida. Hora de traçar um novo caminho", escreveu Alckmin.
Jamais esqueci a lição do meu pai. Respeito às pessoas, lealdade aos princípios e firmeza de caráter. Só com esses valores é possível construir uma vida pública decente.
Geraldo Alckmin, ao deixar PSDB
O ex-governador ainda agradeceu aos "companheiros de jornada", que foram "muito importantes nessa travessia", mas sem citar nomes. "Valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido, cada conquista feita. Em breve, anunciarei meus próximos passos. Um forte abraço a todos e meu muito obrigado!", completou.
Chapa com Lula
Alckmin tem sido cotado como vice de Lula em 2022 já há algumas semanas. Em meados de novembro, durante coletiva no Parlamento Europeu, o ex-presidente não descartou formar uma chapa com o ex-governador, dizendo que "não há nada que aconteceu entre mim e o Alckmin que não possa, sabe, ser reconciliado".
"O vice é uma pessoa que tem que ser levada muito a sério na relação com o presidente, porque o vice pode ser presidente. Podem acontecer muitas coisas. E, depois, o vice tem que ser uma pessoa que soma com o presidente e não que diverge com o presidente. Tenho uma extraordinária relação de respeito com o Alckmin. Fui presidente quando ele foi governador. Conversamos muito", contou Lula, na ocasião.
A aliança, porém, encontra obstáculos como a rivalidade histórica entre PSDB e PT, a pressão de aliados de Alckmin para que ele mantenha distância de Lula e a resistência dentro PT à associação com alguém ligado à ala mais direitista do PSDB. Ainda assim, as conversas caminham, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
Sinalização a sindicatos
No fim de novembro, Alckmin se reuniu com presidentes de centrais sindicais e fez acenos a uma hipótese de dobradinha com Lula na disputa presidencial do ano que vem, de acordo com líderes ouvidos à época por O Estado de S. Paulo.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, disse ao jornal que há disposição para a união entre Lula e Alckmin tanto de setores do PT como de núcleos do sindicato próximos ao ex-governador. Ele afirmou ainda que esse sinal também partiu do próprio Alckmin.
"Lógico que ele não falou que é [o vice de Lula], mas todas as sinalizações que ele deu, ele topa", contou. "Alckmin disse que se preparou para ser governador de São Paulo, agora tem um fato novo nacional, que é preciso avaliar muito".
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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