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Eduardo Cunha se distancia da bancada do MDB e negocia ida ao União Brasil

Lucas Valença

Do UOL, em Brasília

22/12/2021 04h00Atualizada em 22/12/2021 19h12

Cassado em 2016 após ser acusado pela Operação Lava Jato e posteriormente condenado pelo então juiz Sergio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ) cortou relações com os deputados federais de seu partido.

A expectativa é que Cunha, responsável por conduzir o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) na Casa, deixe a legenda em fevereiro.

Como opção, o ainda emedebista já vem mantendo conversas com lideranças do União Brasil, legenda que é resultado da fusão entre o DEM e o PSL e que terá sua homologação julgada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em fevereiro.

A nova sigla partidária já abriga a filha do ex-presidente da Câmara, a publicitária Danielle Cunha, que se prepara para se lançar candidata a deputada federal pelo Rio em 2022. Já o pai tentará voltar à Câmara como deputado federal por São Paulo, e não mais pelo Rio.

Procurada, a assessoria de imprensa do presidente do União Brasil, Luciano Bivar, informou que a filiação de Cunha ficará a cargo do diretório estadual, assim como ocorre com os demais filiados.

Conselheiro presidencial

Hospedado há alguns meses no B Hotel, considerado um dos refúgios mais luxuosos dos que visitam a capital federal, usado por muitos políticos sem residência em Brasília, Cunha tem aconselhado o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), segundo o UOL apurou.

O ex-presidente da Câmara teve um papel decisivo, segundo alguns parlamentares governistas, que conversaram com a reportagem, para "baixar a temperatura" durante a crise institucional provocada pelos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao STF (Supremo Tribunal Federal) no 7 de Setembro.

O ex-parlamentar foi um dos consultados à época sobre a carta de recuo assinada por Bolsonaro, e escrita em parceria com o ex-presidente Michel Temer (MDB) para amenizar o atrito entre os Poderes, após o discurso no qual o presidente pregou a desobediência ao STF em ato golpista no 7 de Setembro.

Condenação anulada

Eduardo Cunha perdeu o mandato após ter sido acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No ano seguinte, foi condenado pelo agora pré-candidato à presidência pelo Podemos, Sergio Moro, decisão mantida pelo TRF-4, com sede em Porto Alegre.

Em setembro deste ano, porém, a condenação de Cunha no âmbito da Lava Jato foi anulada pela segunda turma do STF e remetida à Justiça Eleitoral do Rio.

A reportagem procurou o ex-presidente da Câmara, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.