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Cunha quer virar youtuber e não descarta retorno à política: 'me aguardem'

O ex-presidente da Câmara teve a prisão domiciliar revogada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região no fim do mês passado - Tréplica Cristiano Mariz/VEJA
O ex-presidente da Câmara teve a prisão domiciliar revogada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região no fim do mês passado Imagem: Tréplica Cristiano Mariz/VEJA

Colaboração para o UOL

14/05/2021 17h51

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) disse que deseja voltar à vida pública após ficar quatro anos e meio preso. Em entrevista concedida à revista Veja, entre outras coisas, o político criticou a Operação Lava Jato e revelou que pretende virar youtuber.

Cunha teve a prisão domiciliar revogada pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) no fim do mês passado. Ele havia sido detido em outubro de 2016 em um dos desdobramentos da Lava Jato. Desde o ano passado estava no regime domiciliar.

Questionado sobre possíveis abusos cometidos na operação que o levou à cadeia, Cunha afirmou que foi injustiçado.

"Há, sim, réus confessos e comprovados na Lava Jato, mas uma coisa é certa: muitos mentiram sobre atos de terceiros para atender à operação. E eu era a encomenda número um".

O ex-deputado também nega que tenha recebido vantagens indevidas provenientes dos cofres públicos.

"Não me beneficiei de dinheiro público. Talvez tenha cometido o mesmo erro que outros brasileiros, que, com a inflação alta, mantiveram dinheiro no exterior sem declarar à Receita Federal. Nunca roubei. Para ser sincero, não tenho um centavo sequer. Todo o meu dinheiro foi bloqueado. Hoje sou sustentado pela família".

Para sanar as dificuldades financeiras, pensa em criar um canal no Youtube.

"Agora, com a liberdade, preciso arranjar um jeito de sobreviver. Penso em um canal no YouTube sobre política. Também tenho espaços de lojas e talvez vá empreender. Estou ainda às voltas com meu segundo livro, que já tem até título: Querida, Eu Voltei".

Em abril, Cunha e sua filha mais velha, Danielle Cunha, lançaram o livro "Tchau, querida: diário de um impeachment". A obra traz os bastidores do processo de afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Sobre a polêmica frase "Tem que manter isso aí, viu", dita pelo ex-presidente Michel Temer ao empresário Joesley Batista, Cunha garante que ambos não tratavam de propina.

"Esse foi o dia mais difícil em todo esse processo. A história de que eu recebia para não delatar não procede. Ninguém cita dinheiro, foi só uma suposição. O que entendo dessa frase é: "Estou de bem com o Eduardo, tem que manter isso aí" — queriam ficar bem comigo. O silêncio que estava sendo comprado não era o meu, mas sim o do doleiro Lúcio Funaro".

O político é categórico em acusar Temer de participar ativamente do impeachment de Dilma.

"Ao contrário do que o Michel fala, de que só soube do impeachment na véspera e que caiu do céu em seu colo, não é verdade. Ele foi parte ativa da estratégia".

Quanto a eleição presidencial do ano que vem, Cunha prega que Lula seja derrotado no voto.

"O Lula precisa ser derrotado no voto para que a polarização seja superada e esse esqueleto, enterrado. Tirá-lo do jogo é um erro, porque ele fica mais forte. Aliás, esses nomes de centro que apareceram por aí — Mandetta, Doria, Huck — são a turma dos 3%, com chance zero de ganhar".

Perguntando sobre apoiar ou não o presidente Jair Bolsonaro, evadiu-se.

"Como eu vou ficar contra quem foi colocado para ser o anti-PT? A discussão não é apoiar ou não. Não quero é o PT de volta".

O ex-deputado descartou concorrer a algum cargo no próximo pleito.

"A candidata nas próximas eleições a deputada federal é a minha filha Danielle Cunha. Mas me aguardem: com certeza, eu vou voltar".