João Doria: 'Menos de 10% das vacinas para as crianças foram entregues'

Menos de 10% das vacinas necessárias para as crianças foram entregues aos Estados, disse hoje o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A declaração é uma crítica ao Ministério da Saúde pela escassez na distribuição de doses pediátricas contra o coronavírus no país.

"O governo federal entregou a São Paulo só 492 mil doses. Um número que não atende ao total de de 4,3 milhões de crianças de 5 a 11 anos no Estado", afirmou o governador, em entrevista à BandNews FM.

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Pré-candidato à presidência da República em 2022, Doria tem levantado a bandeira pró-vacinação como estratégia para arrematar votos de eleitores insatisfeitos como a atuação do governo Bolsonaro na pandemia.

O governo federal assinou um contrato para adquirir mais 100 milhões de doses da Pfizer ao longo de 2022, podendo solicitar mais 50 milhões. A inclusão de crianças de 5 a 11 anos de idade no plano de vacinação anticovid (PNO) foi anunciada no início de janeiro.

A pasta antecipou para segunda-feira (24) a chegada de 1,8 milhão de doses pediátricas, que estavam previstas para chegar na quinta (27). "A distribuição tem sido feita em tempo recorde, após a liberação dos órgãos de controle e qualidade", afirmou a pasta.

O que diz o Ministério da Saúde

Em relação às afirmações do governador João Doria, o Ministério da Saúde afirmou, em nota ao UOL, que antecipou todas as entregas das vacinas pediátricas realizadas até o momento.

"Já foram distribuídas aos Estados, município e Distrito Federal mais de 2,4 milhões de doses para o início da campanha de vacinação das crianças de 5 a 11 anos, em menos de 48 horas, após a chegada dos imunizantes no Brasil. O estado de São Paulo recebeu mais de 469 mil imunizantes", afirma a pasta.

O ministério destaca a recomendação para que os governos sigam o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 (PNO), que prioriza a vacinação de crianças com comorbidades.

"Cabe esclarecer que o plano é pactuado entre representantes dos Estados, municípios e Distrito Federal, e o não cumprimento pode acarretar em prejuízos à imunização do público-alvo."

ButanVac ainda não saiu do papel

Doria disse estar confiante com a aprovação de uso da CoronaVac para o público de 3 a 17 anos.

Amanhã, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve decidir sobre o pedido do Instituto Butantan para uso emergencial da CoronaVac em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos.

A aprovação do imunizante será a "salvação" da imunização infantil, segundo Doria.

Atualmente, só o imunizante da Pfizer pode ser aplicado no público infantil no país. Sobre a ButanVac, que seria a primeira vacina nacional contra a covid-19, Doria disse acreditar na aprovação do imunizante nos próximos dois meses.

Em março do ano passado, o Butantan pediu autorização da Anvisa para realizar testes em humanos com a ButanVac. A autorização foi concedida em junho, mas o aval definitivo para condução de estudo clínico só ocorreu em julho.

Como a campanha de vacinação anticovid já estava em andamento no país, houve dificuldade em encontrar voluntários que não tivessem tomado nenhuma dose de imunizante.

Novas medidas em SP

Sobre o aumento de internações no estado de SP, o governador disse não ser necessário a abertura de hospitais de campanha neste momento e afirma que todo o monitoramento dos índices é realizado pela Secretaria de Saúde.

Doria afirmou que, pontualmente, o Estado deve fornecer equipamentos para reforçar a rede de saúde de cidades que atinjam o limite de mais de 85% de ocupação dos leitos para a covid-19.

O governo de São Paulo deve anunciar, nesta quarta-feira, novas medidas para o combate a disseminação do coronavírus no Estado. Na alvaçãos de Doria, as cidades podem anunciar regras mais rígidas.