Moro reage após PT dizer que não deve pedir CPI contra ele: 'Lula arregou'
O ex-ministro Sergio Moro (Podemos) provocou hoje o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dizendo que ele teria arregado diante da sinalização de que o PT não pedirá uma CPI para apurar a atuação de Moro na consultoria norte-americana Alvarez & Marsal. Ele disse ainda que divulgará na sexta-feira (29) quanto recebeu da empresa.
"Com medo das verdades incômodas que iriam surgir, Lula manda o partido desistir da CPI contra mim. Lula arregou", escreveu o ex-juiz no Twitter.
"Por consideração aos brasileiros e em nome da transparência que deve pautar a política, na sexta divulgarei meus rendimentos na empresa em que trabalhei", disse ele.
Em vídeo anexo do tuíte, Moro disse que a CPI contra ele era uma articulação do "PT e do centrão" e que ambos os grupos desistiram porque sabiam que "não iam encontrar nada de errado e quebrariam a cara".
A assessoria de Lula afirmou que o ex-presidente não irá comentar a declaração de seu adversário político. O partido afirmou que o candidato do Podemos quer holofotes às custas do PT. "O Moro como juiz era inexpressivo, e agora como pré-candidato quer holofotes às custas do PT".
Ontem, a presidente nacional do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse em entrevista ao UOL não ver necessidade de instaurar uma CPI para conseguir as informações.
Em 8 anos, a receita no setor de falências da Alvarez & Marsal foi de mais de R$ 83 milhões. Desse valor, segundo apurou o UOL, 78% vieram de empresas que quebraram por causa da Lava Jato, operação que catapultou Moro à vida pública enquanto ele era juiz em Curitiba. O TCU (Tribunal de Contas da União) investiga o caso.
Hoffmann afirmou que a bancada da sigla na Câmara dos Deputados deve deliberar sobre o assunto nos próximos dias.
Moro prestou serviços à área de "disputas e investigações" da empresa, onde trabalhou por cerca de um ano até outubro de 2021. O ex-juiz deixou a empresa para se tornar pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos.
A consultoria não revela quanto pagou a Moro pelos serviços, devido a compromisso de confidencialidade firmado entre as partes. Ontem, o Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) encaminhou um pedido para que o ministro do Tribunal, Bruno Dantas, retire esse sigilo.
Também no vídeo anexo do tuíte, Moro criticou o TCU, dizendo que processo que corre no Tribunal de Conta "é um abuso" e "cheio de ilegalidades", já que mira fatos que ocorreram na vida profissional dele no setor privado.
Retomando a promessa de divulgar o quanto recebeu da Alvarez & Marsal, Moro pontuou que, com a ação, "não está cedendo ao TCU". "Eu quero ser transparente com você, com a população brasileira, como toda pessoa pública deve ser", disse.
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