PRF manda manifestantes abaixarem cartazes críticos a Bolsonaro em Rondônia
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que faziam a segurança do presidente Jair Bolsonaro durante visita a Porto Velho (RO) mandaram integrantes de movimentos sociais no local abaixarem cartazes com críticas ao governo. Os manifestantes participavam de ato intitulado #ForaBolsonaro, promovido pela Frente Brasil Popular.
"Estou explicando para os senhores, aqui é uma área de segurança e a responsabilidade é nossa", diz um dos policiais.
O agente, então, tenta intimidar um dos manifestantes: "Estou dando uma ordem para o senhor. Se o senhor não obedecer, vai ser conduzido por desobediência, tá?", ameaça.
Procurados pelo UOL, o Palácio do Planalto, o Ministério da Justiça e a PRF não haviam se manifestado até a última atualização desta reportagem. Em caso de manifestação, o texto será atualizado.
Em nota ao UOL, a Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia afirmou que "não compactua com tal atitude" por parte da PRF, "visto que a Polícia Militar do Estado estava no evento a fim de fazer o policiamento e evitar qualquer tipo de imprevisto".
O presidente Bolsonaro cumpria agenda diplomática na região, onde se encontrou com o homólogo peruano, Pedro Castillo. Brasil e Peru compartilham fronteira de cerca de 3.000 quilômetros. As trocas comerciais entre os dois países passaram dos R$ 4 bilhões no ano passado.
PRF já interveio em episódios semelhantes
Em novembro do ano passado, uma mulher foi detida depois de xingar o presidente Bolsonaro, que cumpria agenda em Resende (RJ), onde participou da formatura dos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras.
Após os insultos, a PRF abordou o carro em que a mulher estava e a conduziu até uma delegacia. De acordo com a corporação, a medida foi tomada com base no Código Penal.
A Frente Ampla Democrática pelos Direitos Humanos (FADDH) pediu à Justiça Federal no Rio de Janeiro a abertura de inquérito para apurar a possível prática de abuso de autoridade cometida pelos agentes à época.
"A cidadã foi indevidamente abordada por membros da PRF, que entenderam por bem constrangê-la, alegando terem considerado que ela estaria cometendo crime de injúria contra o presidente. Ao adotar tal postura, evidenciaram atitude autoritária que parece ter sido adotada por parte das forças de segurança, que não admitem crítica ao governo", dizia a peça.
Com base na ação, a Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou, no mês passado, a abertura de inquérito para investigar a conduta dos agentes.
'MPF deve atuar nesse caso', diz advogado
O advogado Felippe Mendonça, que compõe a FADDH, afirmou que a associação deverá analisar o episódio de hoje, ocorrido em Rondônia, a fim de concluir se houve abuso de autoridade. "Mais uma vez, integrantes da PRF atentam contra o Estado de direito", comentou.
Na avaliação do advogado, o MPF (Ministério Público Federal) deve atuar para que as condutas dos agentes sejam investigadas.
"Os envolvidos precisam ser responsabilizados administrativa e criminalmente, se for confirmado que houve abuso de autoridade. É inadmissível que, numa democracia, agentes públicos coíbam manifestações políticas", disse Felippe, em contato com o UOL.
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