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Bolsonaro parte da lealdade militar ao defender ministro, diz deputado

25/03/2022 09h49

Líder da bancada evangélica na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL) participou do UOL News na manhã desta sexta-feira (25) e comentou sobre as suspeitas que envolvem Milton Ribeiro, pastor evangélico e Ministro da Educação que será investigado após vazamento de áudios. O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu Milton em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (24) e disse que "bota a cara no fogo" pelo ministro.

Sóstenes viu com naturalidade essa declaração do presidente. "É peculiar de militares o princípio de lealdade aos seus soldados e aliados. Então eu entendo a fala de Bolsonaro, que deposita sua confiança ao ministro Milton".

A suspeita é que dois pastores (Arilton Moura e Gilmar dos Santos), que não têm cargo no MEC, estariam atuando em um "gabinete paralelo", com pedidos de propina para liberação de recursos. Sóstenes afirmou que isso precisa ser investigado, mas vê com normalidade a grande presença de pastores no Palácio do Planalto.

"É uma rotina do governo receber muitos pastores, porque é a principal base eleitoral, junto com o agronegócio e a segurança pública. Logico que ninguém consegue ter uma bola de cristal para prever que está diante de um possível pastor picareta. Lamentavelmente isso acontece em todos segmentos da sociedade. Temos 99% de advogados íntegros, mas tem advogado que não serve", argumentou Sóstenes.

Sóstenes também defendeu que a proximidade com pastores acontece por causa da fé da família Bolsonaro, principalmente da primeira dama Michelle.

"O que entendemos é que essa mistura da familia Bolsonaro (com pastores) parte do princípio da fé, principalmente que a primeira dama, que é evangélica, tem. E o próprio presidente, mesmo não sendo evangélico, abaixa a cabeça e recebe oração de todos. Sempre foi de muita fé. Não sei como há esse grau de intimidade. Mas entendo que possa ter partido a partir da fé, nunca por saber que esses homens têm prática ilícita", defendeu o líder da bancada evangélica.

Sóstenes também insinuou que um dos pastores do caso, Arilton Moura, é lobbista há muito tempo. "O pastor Arilton é uma pessoa de muitos anos buscando esse tipo de atuação de lobby e parece ter trabalhado com governos anteriores. Começou com prática de favorecimento no Minha Casa Minha Vida, junto a prefeitos, e parece que trabalhou no Ministério com Hélder Barbalho, na época do Temer, e continua com essa prática", declarou Sóstenes, ressaltando depois que não sabe se essas informações são verdadeiras.

O deputado defendeu que é preciso fazer investigação sobre o assunto e afirmou que assinaria um pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para isso.

"Eu assino toda CPI no meu mandato. Quem não deve não teme. Mas devo recomendar que toda CPI em ano eleitoral vai ser altamente contaminada pelo pleito", concluiu Sóstenes.