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Pastor que atuou no MEC investiu R$ 450 mil em duas empresas, diz jornal

Pastor Gilmar Santos acumula mais de 150 mil seguidores em suas redes sociais - Reprodução/Redes sociais
Pastor Gilmar Santos acumula mais de 150 mil seguidores em suas redes sociais Imagem: Reprodução/Redes sociais

Do UOL, em São Paulo

25/03/2022 08h00Atualizada em 25/03/2022 14h06

O pastor Gilmar Santos, suspeito de cobrar propina para facilitar a liberação de recursos do MEC (Ministério da Educação), investiu R$ 450 mil em duas empresas, abertas há duas semanas. As informações são do jornal O Globo.

Em 8 de março, Gilmar abriu uma faculdade em Goiânia, com aporte inicial de R$ 100 mil, e registrou uma editora na cidade de Aparecida de Goiânia, com capital de R$ 350 mil. A reportagem de O Globo visitou os endereços das empresas, que constam nos documentos protocolados na Junta Comercial de Goiás.

A faculdade e a editora foram registradas em sedes da Assembleia de Deus Cristo Para Todos, uma igreja comandada por Gilmar Santos ao lado do pastor Arilton Moura, que também é acusado de negociar os recursos do MEC, mesmo sem cargo político no governo Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o jornal O Globo, não há sinal de que os locais sirvam para outras atividades além dos cultos religiosos. Em Goiânia, a faculdade funciona em um prédio de três andares que atualmente está em obras —na fase de concretar as paredes, diz a reportagem. O local é cercado por duas casas grandes e muradas.

Em frente à construção, está localizado o templo central visitado pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, no fim do ano passado.

Vizinhos que frequentam a igreja foram entrevistados pela reportagem de O Globo. Eles relataram que a obra começou há três anos, mas foi paralisada por falta de dinheiro durante a pandemia. Em vídeos publicados em 2021 pelo pastor Gilmar Santos, ele pede dinheiro aos fiéis para a compra de ferragens para escadas e para a conclusão de um telhado.

Na nova estrutura, o pastor pretende instalar a "Faculdade ITCT", sigla para "Instituto Teológico Cristo para Todos", afirmaram fiéis em condição de anonimato.

A editora em Aparecida de Goiânia, diz O Globo, é um galpão pintado de azul, com o nome da igreja e a foto de um religioso na fachada. A estrutura fica localizada em uma área industrial a cerca de 20 minutos do centro da cidade, mas estava fechada no dia da visita da reportagem.

O pastor Gilmar Santos já tem uma editora, criada em 2013, no mesmo endereço da igreja em Goiânia, registrada como "Editora e Publicadora Cristo para Todos Limitada". O capital social da empresa é de R$ 110 mil. A nova editora tem o triplo do valor, um CNPJ diferente, mas nome quase idêntico: "Editora Cristo para Todos Limitada".

O Globo questionou Gilmar Santos sobre a abertura das empresas no mesmo dia, mas ele não retornou o contato.

Ministro da Educação será investigado

A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de um inquérito para investigar Milton Ribeiro, em decisão que atende a um pedido da PGR para apurar as suspeitas dos crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa e tráfico de influência.

Ela também estipulou que a PGR (Procuradoria-Geral da República) tem 15 dias para se manifestar a respeito dos próximos passos para analisar a conduta do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em áudio divulgado na segunda-feira (21) pela Folha de S.Paulo, o ministro Ribeiro diz que houve um "pedido especial" do presidente para atender aos pleitos do pastor Gilmar Santos.

Segundo a ministra, "a gravidade dos fatos" que levaram a abertura de inquéritos "tem-se por imprescindível a investigação conjunta de todos os envolvidos e não somente do Ministro de Estado da Educação".

Bolsonaro "bota cara no fogo" por Ribeiro

Em live na noite de ontem, Bolsonaro afirmou que "bota a cara no fogo pelo Milton". Foi a primeira vez que o presidente comentou publicamente o assunto.

Segundo ele, a reação contra o ministro Milton Ribeiro é "uma covardia". Parlamentares acionaram o STF, PGR, MPF e TCU contra Bolsonaro e Milton Ribeiro.