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Quem é o novo governador do RS, que assume no lugar de Eduardo Leite?

Ranolfo Vieira Júnior, também do PSDB, assume o governo do estado do Rio Grande do Sul no lugar do tucano Eduardo Leite - Divulgação
Ranolfo Vieira Júnior, também do PSDB, assume o governo do estado do Rio Grande do Sul no lugar do tucano Eduardo Leite Imagem: Divulgação

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Balneário Camboriú (SC)

01/04/2022 04h00

Com a renúncia de Eduardo Leite (PSDB) do cargo de governador do Rio Grande do Sul, o vice, Ranolfo Vieira Júnior, do mesmo partido, assumiu o posto.

Nascido em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, o novo governador é delegado de polícia aposentado, carreira que iniciou em 1998. Já foi chefe de Polícia do Rio Grande do Sul entre 2011 e 2014, durante a gestão de Tarso Genro (PT).

Atualmente, Vieira Júnior acumulava o cargo de vice-governador e de titular da SSP (Secretaria da Segurança Pública), mas já anunciou que vai deixar este último - ainda não se sabe quem vai assumir em seu lugar.

"Não tenho como acumular o cargo de governador do estado com o de secretário da Segurança. Nós estamos na fase final da escolha da nova composição da Secretaria da Segurança Pública. Não temos um nome, mas, com certeza, será um nome técnico, um nome ligado à área", disse em entrevista para a RBS TV, afiliada à Rede Globo.

Durante o período em que atuou como delegado, foi diretor por seis anos do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), órgão responsável por investigar o crime organizado. Quando chefe de Polícia, criou o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

O novo governador é formado em direito e tem especialização em Gestão de Segurança na Sociedade Democrática. Já foi professor por 10 anos na Acadepol (Academia da Polícia Civil) e por 14 anos na Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

Nas eleições de 2014, Vieira Júnior se candidatou a deputado federal, na época pelo PTB. Porém, não obteve votos suficientes e acabou ficando como suplente.

Em 2017, foi anunciado como pré-candidato a governador do estado pelo PTB. Porém, após uma aliança de seu partido com o PSDB, os planos mudaram e ele acabou compondo uma chapa com Eduardo Leite. No ano seguinte, os dois foram eleitos.

Vieira Júnior assumiu o cargo de vice-governador pelo PTB, mas deixou a sigla e foi para o PSDB após declarações homofóbicas do então presidente do partido, Roberto Jefferson, contra Eduardo Leite —na metade do ano passado, o governador declarou publicamente sua homossexualidade.

PSDB pode ter dificuldades para encontrar candidato a governador

A renúncia de Eduardo Leite pode fazer com o PSDB tenha dificuldades para encontrar um candidato forte para concorrer ao governo estadual nessas eleições. É o que entende o professor do Departamento de Ciência Política da Ufrgs (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Rodrigo Stumpf González.

"As alternativas são de pessoas como o ex-prefeito Nelson Marchezan, que não vem exatamente num processo de crescimento. O fato de não ser reeleito a prefeito (a Porto Alegre, na eleição de 2020) já o coloca num patamar inferior em uma possível candidatura estadual e (outra alternativa seria) algum dos deputados estaduais, mas sem a mesma proeminência e exposição pública do atual governador. Digamos que qualquer campanha do PSDB começaria muito tarde em termos de lançar um nome. Um nome para ser conhecido, com chance, precisa estar na rua há uns seis meses."

O nome de Vieira Júnior pode ser uma "alternativa mais lógica", segundo professor.

"Ele tem um nome relativamente conhecido, já participou da campanha anterior, mas depende de outra variável: o caminho do partido. A aliança que teve na eleição passada pode não se reproduzir, aí o fato do PSDB indicar vice seria uma possibilidade, mas depende de como os partidos respectivos vão se comportar na disputa nacional e se permitiria a aliança em nível local."

Stumpf entende que a renúncia de Leite foi um "ato esperado", já que o político havia anunciado diversas vezes que não tentaria a reeleição.

"Digamos que a renúncia neste momento, dentro do prazo legal é, um dos atos necessários nesta preparação para uma possível candidatura que ainda não está muito claramente definida, ou seja, ele ainda tem um leque de opções em que a candidatura à presidência reduziu a sua possibilidade, na medida em que ele pretende ser candidato pelo PSDB, mas ainda não está totalmente descartada. Digamos que, saindo do governo agora, ele mantém esse leque de opções aberto."

Segundo o professor, a renúncia de Leite está mais ligada à própria carreira política dele do que ao medo de não se reeleger.

"Ele conhece bem o estado do Rio Grande do Sul e suas dificuldades financeiras e eu imagino que ele deve ter pensado que mais quatro anos de governo do estado não teriam exatamente o potencial de ampliar a sua carreira política. Ele já teve o que poderia ganhar com o governo do estado, ter sido governador do Rio Grande do Sul é algo importante, mas mais quatro anos não acrescentariam muito a carreira política dele."

Stumpf entende que Vieira Júnior deve dar continuidade ao governo de Eduardo Leite, com "perfil mais administrativo", e sem se envolver em polêmicas.

"Mesmo durante o mandato como vice-governador, ele ficou um pouco conhecido por não se envolver em polêmicas, por não ser um perfil de debate público muito exacerbado. Então, imagino que ele manterá a administração funcionando, tentará evitar polêmicas mais imediatas e vai esperar, talvez o final do mandato para ver a possibilidades que o esperam em termos de um futuro de carreira política, ou seja, na medida que ele consiga manter o resto do governo e melhorar a sua projeção pública, ele pode se encacifar para ser um futuro candidato a prefeitura de Porto Alegre ou, pensando num cenário de médio prazo, talvez, uma candidatura ao governo do estado dentro de quatro anos."