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MEC: Senador que tirou apoio à CPI foi homenageado por pastores, diz jornal

Senador Weverton Rocha (PDT-MA) retirou apoio à criação da CPI do MEC -  Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador Weverton Rocha (PDT-MA) retirou apoio à criação da CPI do MEC Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

12/04/2022 14h19

O senador Weverton Rocha (PDT-MA), que retirou o seu apoio para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar suspeitas de corrupção no MEC (Ministério da Educação), estampou páginas de revistas de escola bíblica. O material foi distribuído em igrejas do Maranhão ligadas a Gilmar Santos e Arilton Moura, pastores investigados por suspeita de atuarem como lobistas da pasta. As informações são do jornal "O Globo".

Procurado pelo jornal, o senador afirmou, por meio de sua assessoria, que a situação não foi iniciativa sua. "Foi solicitado um release da minha assessoria, que foi enviado. Mas não sabia que era para a cartilha. Até agradeço o carinho, mas não foi iniciativa minha e não houve recursos meus nesses cadernos."

O release publicado no material fala sobre um projeto de lei do senador, que proíbe o corte de energia elétrica e água nos fins de semana e ressalta seu trabalho para conseguir "o menor reajuste possível nas contas de luz em 2021".

Conforme revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo" no fim de março, exemplares de Bíblias doados em um evento organizado pelo MEC na cidade de Salinópolis, no Pará, continham fotos do então ministro da Educação, Milton Ribeiro. Na ocasião, ele negou que tenha autorizado o uso de sua imagem em Bíblias distribuídas em eventos. Ribeiro deixou o cargo no mês passado, após a revelação de indícios de um esquema na pasta.

Segundo a reportagem de "O Globo", as revistas que citam o senador foram distribuídas durante um encontro da CONIMADB (Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil) ocorrido no início de março, em São Luís. O evento foi organizado por Gilmar Santos, presidente da entidade e dono da editora responsável pelo material, e Arilton Moura, coordenador do núcleo político.

Ao lado de Gilmar, o senador chegou a parabenizá-lo por "mais uma obra", conforme vídeo publicado nas redes sociais.

"O pastor Gilmar, que é maranhense e já está há quase 40 anos em Goiás, já rodou o mundo e todos os estados do Brasil pregando a palavra, e São Luís está tendo a honra hoje de recebê-lo com todos os líderes de sua congregação para participar do lançamento da Bíblia. Obrigado, pastor, e parabéns por mais uma obra que o senhor oferece a toda a sociedade", declarou Rocha.

Ao jornal, o senador ressaltou que o encontro com os pastores foi "breve" e "público".

Procurados por O Globo, Gilmar Santos e Arilton Moura não se pronunciaram. O UOL também procurou os dois por meio das redes sociais e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.

Os pastores não compareceram à Comissão de Educação do Senado quando convidados para falar sobre as denúncias envolvendo o MEC.

Assinaturas para CPI

Na sexta-feira (8) o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) havia anunciado que conseguira as 27 assinaturas necessárias para a instalação da comissão.

No fim de semana, no entanto, três senadores decidirem retirar apoio, após uma ação intensa do governo para barrar a apuração. Além de Rocha, Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e Styvenson Valentim (Podemos-RN) também mudaram suas posições.

Após o recuo dos parlamentes, Randolfe afirmou que continuará em busca da quantidade de assinaturas necessárias para abrir a investigação do que ele classificou como "bolsolão do MEC".

Em nota, segundo o jornal, o senador Weverton afirmou que o seu bom relacionamento com o segmento evangélico pesou na sua decisão de retirar seu apoio à CPI.

"Tenho ótimas relações com a comunidade evangélica, inclusive meus pais são evangélicos. Entendo que qualquer denúncia de corrupção deve ser apurada, mas acredito que em uma CPI neste momento é tênue a linha entre apuração e criminalização de toda uma comunidade" escreveu ele.

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) negou que haja uma ação deliberada do grupo para impedir a abertura da CPI, mas admitiu que o apoio ao colegiado pode gerar um desgaste com o eleitor evangélico.