Topo

Esse conteúdo é antigo

Frase racista 'coisa de preto' é atribuída a vereador de São Paulo

Pedro Paulo Furlan

Do UOL, em São Paulo

03/05/2022 15h52Atualizada em 05/05/2022 09h35

A sessão da CPI dos Aplicativos na Câmara Municipal de São Paulo foi interrompida hoje após um áudio com uma fala racista vazar: "Eles arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?". O vereador Camilo Cristófaro (sem partido) admitiu a declaração, pediu desculpas e disse que cometeu um erro.

Logo depois das declarações, o presidente da sessão, Adilson Amadeu (União), pediu para que o áudio fosse desligado.

URGENTE: Nessa manhã, durante a reunião da CPI dos Aplicativos o Vereador Camilo Cristófaro foi flagrado dizendo "Não lavaram a calçada, é coisa de preto né?" Ainda hoje tomaremos as ações necessárias para a devida punição do vereador e exigimos uma postura condizente da CMSP. pic.twitter.com/domrwTD24Z

-- Mandata Quilombo Periférico (@quilomboperifa) May 3, 2022

Vereadora do PSOL questionou fala de Amadeu

Solicitando para que o microfone de Cristófaro não fosse desligado, a vereadora Luana Alves (PSOL) pediu pela suspensão da sessão, afirmando que "acabou de ficar registrado".

"Não vai desligar, não [o microfone do vereador]. Porque acabou de ficar registrado [...] Não, não, não. Acabou de ficar registrado, Adilson. Não. Não dá", afirmou a vereadora antes de pedir uma pausa de cinco minutos na sessão.

Em nota, a Mandata Coletiva Quilombo Periférico informou que fará um boletim de ocorrência sobre o acontecimento:

"Ainda hoje, as vereadoras Elaine Minero da Mandata Coletiva Quilombo Periférico com a vereadora Luana Alves, do PSOL, devem registrar um boletim de ocorrência denunciando o crime e entrarão com uma representação na corregedoria da Casa para que a atitude não fique impune."

"Exigiremos uma postura condizente com os valores constitucionais da Câmara Municipal de São Paulo", afirmou Elaine Mineiro.

Câmara se posiciona sobre o ocorrido

Ao UOL, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), lamentou o acontecimento e afirmou estar com uma "indignação imensa". Além disso, disse que a Câmara é um "local democrático, livre e que acolhe a todos".

Também posicionou-se como homem negro, defendendo que tem "lutado com todas as forças contra o racismo", e revelou que o caso será apurado pela Corregedoria da Câmara.

Leia a nota abaixo na íntegra:

"É com uma indignação imensa que lamento mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos.

Como negro e presidente da Câmara tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também.

O caso será apurado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo."

O trecho, porém, não aparece na gravação da sessão nos canais oficiais da Câmara Municipal. Em nota, a Casa disse que isso aconteceu por uma "falha técnica".

"O episódio ocorreu logo nos segundos iniciais da reunião da CPI e, por uma falha técnica, esse momento não foi transmitido". A assessoria, porém, enviou para o UOL o trecho da fala racista.

O que diz Camilo Cristófaro

O UOL entrou em contato com o vereador Camilo Cristófaro e aguarda retorno. À Folha, o parlamentar negou que tenha falado a frase racista. "Não existe absolutamente nada, 70% dos que me acompanham são afros. E me orgulho deles, afirmou Cristófaro.

O PSB informou que o vereador pediu desfiliação no início de abril e que repudia qualquer ato ou fala racista.