Deputado que criticou orçamento secreto agora admite uso de recursos
Antes crítico do orçamento secreto, o deputado federal Mario Heringer (PDT-MG) agora admite e defende a utilização dos recursos de emendas de relator. Ao jornal O Globo, o parlamentar afirmou hoje que não seria o "inocente" que "deixará de usar" a partilha de verbas da União.
O orçamento secreto, criado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2019, permite que parlamentares indiquem dinheiro público para seus redutos eleitorais - sem completa transparência do processo e dos critérios de distribuição.
Em março do ano passado, no ápice da pandemia, Heringer havia criticado o mecanismo. Ele sugeriu que o dinheiro fosse usado no auxílio emergencial ou na compra de vacinas e questionou parlamentares que alocam muito dinheiro "onde bem entendem":
"Essa 'emenda de relator' no orçamento tá me deixando muito chateado. Alguém pode imaginar que UMA PESSOA (deputado ou senador) possa ter a discricionaridade (sic) para alocar mais de 30 bilhões de reais onde bem entender?", comentou na época.
Heringer indicou R$ 6,5 milhões do orçamento secreto
Em novos documentos enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal), solicitados por ação da ministra Rosa Weber, o deputado federal consta como responsável por indicar R$ 6,5 milhões em recursos a cidades mineiras - utilizando as chamadas RP-9.
Segundo Heringer, "2021 era outro momento": "Uai! Indiquei e indico. Em 2021 era outro momento e reitero que não posso imaginar isso como normal. Mas virou realidade e como tal não serei o inocente que deixará de usar", disse ao Globo.
Continuando, o deputado questionou: "Será que só os deputados apoiadores do governo teriam esse direito? Sou oposição e não fui, em nenhum momento, constrangido pelos governistas para liberação dos recursos que solicitei".
O orçamento secreto dá importância às emendas de relator, as RP-9, já que todas as destinações das indicações são assinadas pelo relator-geral do Orçamento. Essa ação é uma forma de aumentar quanto os parlamentares podem enviar a seus redutos eleitorais - sem deixar claro quem é o "padrinho original" da indicação.
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