Jornal: Ciro Nogueira liberou emenda para comprar caminhão de lixo de amiga
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), enquanto ainda atuava como senador, destinou R$ 240 mil em emenda parlamentar para a aquisição de um caminhão de lixo, em janeiro de 2021. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a empresa que forneceu o veículo para a cidade de Brasileira (PI) é de uma amiga do político, que frequenta seu gabinete.
De acordo com o jornal, todo o processo de compra do caminhão passou por aliados de Nogueira. Além de Carla Morgana Denardin, dona do Grupo Mônaco Diesel Caminhões, Ônibus e Tratores Ltda, a estatal que fez o pregão é comandada por um apadrinhado dele e a prefeita de Brasileira é do mesmo partido do ministro.
A emenda em questão foi usada para a compra de um caminhão compactador, entregue em abril de 2022. Segundo especialistas ouvidos pelo jornal, esse tipo de veículo é indicado para cidades de 17 mil habitantes ou mais, o que não é o caso de Brasileira, município com cerca de 8,3 mil pessoas.
De acordo com o jornal, desde que Ciro Nogueira se aproximou do governo de Jair Bolsonaro, o Grupo Mônaco conseguiu um contrato no valor de R$ 11,9 milhões com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) do Piauí, reduto eleitoral do ministro.
Carla Denardin, dona da empresa beneficiada, foi uma das convidadas para a posse de Ciro Nogueira como ministro, em agosto do ano passado. No perfil do Instagram da empresária há uma foto dos dois no dia da cerimônia.
Na publicação, ela escreveu: "Sobre acreditar que o BRASIL vai longe, que dias melhores estão por vir e que estamos no caminho certo #miglesdamorgs (...) #palaciodoplanalto #pp #cironogueira".
O UOL procurou o ministro Ciro Nogueira e o Grupo Mônaco, mas ainda não obteve resposta. Eles também não responderam ao Estadão.
A prefeita Carmen Gean disse ao jornal que "não houve qualquer irregularidade por parte da prefeitura". Ela observou, ainda, que os técnicos da Codevasf são "rigorosos".
Centenas de caminhões foram comprados com preços inflados
Uma outra reportagem do Estadão publicada ontem aponta que centenas de caminhões de lixo foram comprados com suspeita de sobrepreço. Segundo o jornal, a compra e a distribuição de caminhões de lixo para pequenas cidades saltaram de 85 para 488 veículos de 2019 para 2021.
Avaliados com cuidado, esses gastos revelam transações difíceis de entender, como a da cidade do interior de Alagoas que tem menos lixo do que caminhões para recolhê-lo ou a diferença de R$ 114 mil no preço de veículos iguais, comprados no espaço de apenas um mês - sem falar da presença de empresas fantasmas no meio das operações.
A diferença dos preços de compra de modelos idênticos, em alguns casos, chegou a 30%. Em outubro passado, por exemplo, o governo adquiriu um modelo de caminhão por R$ 391 mil e menos de um mês depois aceitou pagar R$ 505 mil pelo mesmo veículo.
*Com Estadão Conteúdo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.