Camarote do governador do RJ na Sapucaí custou ao menos R$ 830 mil
O custo do camarote do governador Cláudio Castro (PL) na Marquês de Sapucaí, no Carnaval realizado em abril, foi de ao menos R$ 830 mil para a Secretaria Estadual de Turismo do Rio.
O valor consta em nota fiscal inserida na última quinta-feira (19) no SEI (Sistema Eletrônico de Informações), que reúne documentos administrativos do governo. À época dos desfiles das escolas de samba, no mês passado, a assessoria de imprensa de Castro não quis informar o valor ao UOL.
Em nota enviada à reportagem na sexta-feira (20), a assessoria de imprensa da Secretaria de Turismo afirmou que "a nota fiscal, apesar de emitida, não foi paga e passará por uma auditoria onde serão revistos os valores praticados nos serviços pela empresa". O UOL questionou a pasta sobre qual o benefício do camarote para o turismo no estado, mas a pergunta não foi respondida.
Emitida pela Buzzline Serviços, Entretenimento e Produção, a nota fiscal fala em "serviços de planejamento, organização, promoção, coordenação e produção do camarote do governo do Estado".
Após a confirmação, o valor sairá através de um contrato assinado com a Buzzline em novembro, no valor de R$ 27,4 milhões, para atender a demandas de eventos da pasta ao longo de um ano. Não foi assinado, portanto, um contrato específico para o camarote.
Não há detalhamento dos custos, mas o UOL também localizou no SEI um documento de abril que contém uma lista com 16 itens fornecidos para a produção do camarote.
Na lista, estão, por exemplo, dez vans para o deslocamento entre o Palácio Guanabara —sede do governo— e a Marquês de Sapucaí, 120 camisas para seguranças, cem camisas de staff e 30 de coordenação. Não há referência específica à contratação dos funcionários.
A lista também cita água e refrigerante para 5.000 pessoas e amendoim para 3.000 convidados.
O custo do camarote do governador supera, por exemplo, o valor pago pela Secretaria de Turismo para a Buzzline implementar um estande de divulgação do Rio na feira de turismo WTM Latin America, realizada no mês passado, em São Paulo. Neste caso, foram R$ 526,7 mil.
Mais uma empresa no camarote
Além da Buzzline, a reportagem localizou um documento, de 18 de abril, em que outra empresa, a Mil Comunicação e Eventos, apresenta-se como a responsável pelo camarote do governador.
No ofício enviado à Polícia Militar para pedir autorização para o evento, a firma diz que está "ciente de todas as responsabilidades por tudo o que se refere" ao camarote.
O UOL entrou em contato por e-mail com a Mil Comunicação e Eventos para esclarecer sua a participação, mas não obteve retorno.
A firma tem entre os sócios Roberto Pinto dos Santos, que possui ao menos uma empresa em parceria com Paulo Roberto de Mesquita Júnior, a Mil e Arpoador Eventos. Paulo Roberto, por sua vez, é dono da Arpoador Entretenimento, responsável pelo Camarote Arpoador, um dos mais badalados do Sambódromo.
Enquanto não esteve no camarote do governo, Cláudio Castro frequentou o Camarote Arpoador com a primeira-dama, Analine Castro. Em imagens divulgadas em redes sociais, o governador apareceu cantando no palco com Alexandre Pires.
A Secretaria de Turismo afirmou que "a Mil Comunicação e Eventos foi a responsável pelo processo de legalização de todo o camarote do Setor 9, que oficialmente pertence a Riotur, e que cedeu um dos andares ao Governo do Estado". "Vale ressaltar que este processo de legalização não gerou custos ao governo", completou.
R$ 2,5 milhões em publicidade
Além dos R$ 830 mil para a Buzzline, a Secretaria de Turismo já havia investido R$ 2,5 milhões em uma campanha publicitária na Sapucaí, voltada para a divulgação do interior do estado.
Imagens dessa campanha, cujos custos não foram detalhados, decoraram o camarote do governo.
À época, a assessoria do governo disse que "a ação conta com dezenas de peças publicitárias distribuídas pelo Sambódromo, divulgando as regiões fluminenses e seus atrativos, como o Vale do Café, Costa Verde, Costa Do Sol, Serra Verde Imperial e outras".
Questionado sobre os custos com o camarote, o governo havia informado apenas que o espaço estava "localizado no segundo andar do setor 9 e é previsto no contrato entre a Riotur e a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba)".
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