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Site: Filha de ministro do STJ diz que pai defendeu invasão ao STF em 2016

João Otávio de Noronha teria defendido invasão do STF durante gestão de Dilma Rousseff - Foto: Sergio Amaral/STJ/Flickr
João Otávio de Noronha teria defendido invasão do STF durante gestão de Dilma Rousseff Imagem: Foto: Sergio Amaral/STJ/Flickr

Do UOL, em São Paulo

25/05/2022 13h11Atualizada em 25/05/2022 13h41

A filha do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) João Otávio Noronha, a advogada Anna Carolina Noronha, teria afirmado em mensagens trocadas com o empresário Marconny Faria que o pai dela defendeu a invasão ao STF (Supremo Tribunal Federal), em 2016, segundo informações do site Metrópoles.

As mensagens publicadas teriam sido obtidas pelo MPF (Ministério Público Federal) em um celular de Faria que foi apreendido em investigações sobre suspeitas de fraudes em licitações no Pará. Após a revelação das mensagens pelo site, Noronha negou que defendeu a invasão à Corte.

De acordo com o Metrópoles, na conversa, que ocorreu em março de 2016, ainda sob a gestão da então presidente Dilma Rousseff (PT), Anna Carolina escreveu que o pai dela considerava o STF "corrompido" e seus ministros, "comprados". O comentário foi feito pela filha do ministro do STJ no contexto da indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser chefe da Casa Civil por Dilma. À época, o petista era alvo de investigações da Lava Jato e o movimento foi interpretado como uma forma de dar foro privilegiado a ele.

"O meu Pai falou w [que] os manifestantes deviam sim ter invadido. O palácio. O srf [STF]. Pq não há mais instituição (sic). O STF tá corrompido", escreveu a Anna Carolina em mensagem enviada a Faria, comentando sobre ato em frente ao Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministério contra a indicação de Lula para a Casa Civil. O protesto reuniu cerca de 5 mil manifestantes.

Na sequência, Faria teria dito que os manifestantes não poderiam invadir a Suprema Corte. "Não podemos fazer isso. Senão perdemos a ordem", escreveu o empresário.

"Podemos sim. O STF foi corrompido. Por completo. Tão querendo ferrar o Moro", respondeu Anna Carolina.

Faria, então, deu sequência à conversa dizendo que planejava movimentos para que Sergio Moro, então juiz da Lava Jato em Curitiba, fosse indicado para o STF.

"Vamos fazer várias ações. Não vai conseguir ferrar o Moro. Vai ser o próximo min [ministro] do STF depois do seu pai", disse ele.

"Meu pai disse que acorre [a Corte] tá toda corrompida. Eles precisam ser pressionados. Tão querendo anular as interceptações. Marco Aurélio [então ministro do Supremo] saiu no jornal defendendo o Lula. Agora [há] pouco. Eles têm maioria", afirmou Anna Carolina, ainda fazendo referência a João Otávio Noronha.

À época, Marco Aurélio havia dito que não via a nomeação de Lula para a Casa Civil como uma tentativa de blindá-lo.

Ministro nega defesa à invasão

Procurado pelo UOL, Noronha negou que tenha defendido eventual invasão ao STF ou ao Planalto.

"Nunca preguei ou defendi a invasão do STF. E jamais o faria por atentar contra a democracia e por ser um ato de desrespeito à Corte Suprema do Brasil. Tenho pelo Supremo e pelos ministros que o integram o mais profundo sentimento de respeito e admiração. Minha manifestação na sessão da turma foi em defesa da Corte Superior a que pertenço, que estava sendo injustamente atacada", disse o ministro do STJ em nota.

Ao Metrópoles, Anna Carolina afirmou que não se recordava do teor do diálogo e frisou que suas conversas privadas não têm a ver com a opinião do pai, pois são "pessoas diferentes" e de "pensamentos diversos em determinados momentos".

O UOL entrou em contato com a filha do ministro sobre as mensagens e aguarda os retornos. O STF informou que não vai comentar o assunto. Já o MPF disse que precisa ter o número do processo citado pela reportagem do Metrópoles para se manifestar, o que não foi informado na publicação.