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Defesa diz que tratou 225 pessoas após comprar 35 mil comprimidos de Viagra

Defesa afirmou que os medicamentos são usados para tratar pacientes com hipertensão arterial pulmonar - AFP
Defesa afirmou que os medicamentos são usados para tratar pacientes com hipertensão arterial pulmonar Imagem: AFP

do UOL, em Brasília

04/06/2022 04h00Atualizada em 03/08/2022 11h42

Em um ofício enviado à Câmara dos Deputados, o Ministério da Defesa justificou que a compra de 35 mil comprimidos de um medicamento genérico do Viagra foi feita para tratar 225 pacientes desde 2020.

Encaminhado na quinta-feira (2), o documento, ao qual o UOL teve acesso, mostra que 181 militares do Exército fizeram ou fazem o uso do medicamento Sildenafila; 43 da Marinha e um da FAB (Força Aérea Brasileira). O remédio é usado tipicamente para tratar disfunção erétil.

"Inicialmente, cabe expor que o consumo do medicamento Citrato de Sildenafila 25mg é destinado apenas aos pacientes internados e aqueles em regime ambulatorial, exclusivamente para o tratamento de doenças raras como a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), a esclerodermia e em pacientes portadores de Vasculopatia Periférica Secundária ao Fenômeno de Raynaud", explicou a pasta ao pedido de informações do deputado Alexandre Padilha (PT-SP).

Oito processos de compra das Forças Armadas foram aprovados desde 2020, e ainda estão em vigor neste ano. Nos processos, há dosagem de 50 mg também. A maior parte dos medicamentos é destinada à Marinha, com 28.320 comprimidos, mas o Exército acumulou 5 mil comprimidos e a Aeronáutica, 2 mil.

Questionado por Padilha sobre como é o controle de receita do remédio, o ministério afirmou que, no caso da Marinha, as indicações foram realizadas por médicos das clínicas de Reumatologia, Pneumologia, Cardiologia e Pediatria do Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro.

No Exército, o medicamento foi prescrito por médicos das seguintes áreas: Clínica Médica, Intensivistas, Pneumologista, Infectologia, Gineco-Obstetrícia, Pediatria, Neurologia e Cardiologia, todos de Organizações Militares de Saúde. Já na Força Aérea, o remédio é dispensado pela Subdivisão de Farmácia Hospitalar, mediante prescrição médica.

"No caso do paciente assistido pelo HCA (Hospital Central da Aeronáutica), único a ter usado o medicamento, a prescrição foi feita por médico em serviço na Unidade de Terapia Intensiva", completou. A Defesa informou ainda que a aquisição dos comprimidos foi realizada com recursos dos Fundos de Saúde das Forças Armadas, "os quais são subsidiados por seus usuários (militares, pensionistas e servidores civis)".

O UOL procurou a assessoria do Ministério da Defesa e aguarda retorno. Se o posicionamento for enviado, a reportagem será atualizada.

Audiência com o ministro

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, foi convidado a ir na quarta-feira (8) à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para prestar esclarecimentos sobre a compra.

A ida de Oliveira é fruto de dois requerimentos aprovados pelo colegiado, de autoria de Padilha e do também deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).

O parlamentar goiano, inclusive, foi o responsável por compilar e divulgar os números dos pregões que constam no Portal da Transparência do governo. Vaz também acionou o TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a aquisição, que abriu um processo de investigação.